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Mortes, prisões e protestos no Tibet mancham Olimpíada na China

Por CHRIS BUCKLEY E LINDSAY BECK
Atualização:

Ao menos duas pessoas morreram em novos protestos na parte tibetana do oeste da China, afirmaram relatos divulgados na terça-feira, enquanto as autoridades chinesas realizavam prisões na capital do Tibet, Lhasa, a fim de reforçar o controle sobre a região. Meios de comunicação oficiais disseram que um policial foi morto, e o Centro Tibetano dos Direitos Humanos e da Democracia, uma organização que funciona no exílio, relatou que um manifestante tibetano morreu após receber tiros e que outro ficou gravemente ferido em meio a distúrbios no distrito de Ganzi, área tibetana da Província de Sichuan. "A polícia viu-se obrigada a dar tiros de advertência e dispersou os arruaceiros criminosos", afirmou um breve relato da agência de notícias Xinhua, sem mencionar a morte de manifestantes, que teriam atacado usando facas e pedras. As notícias mais recentes sobre os distúrbios e as prisões surgem depois de manifestantes terem atrapalhado a cerimônia na Grécia em que se acendeu a tocha dos Jogos Olímpicos de Pequim, um ato que Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, considerou "desonroso". O governo chinês esperava que a passagem da tocha por vários locais do mundo e do país antes das próximas Olimpíadas, que começam no dia 8 de agosto, serviria para corroborar sua unidade nacional. Ao invés disso, o evento encontra-se imerso em uma guerra de palavras entre a China de um lado e o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, e seus simpatizantes do outro. O governo chinês acusou o Dalai Lama, vencedor do Nobel da Paz, de arquitetar as manifestações dos monges em Lhasa e depois os motins anti-China ocorridos ali, na metade de março, e nos quais 19 pessoas teriam morrido. Desde então, as regiões tibetanas do oeste da China assistem a manifestações, apesar do grande número de policiais e soldados enviados para lá. O Dalai Lama, 72 anos, nega estar por trás da onda de instabilidade, e o governo que comanda no exílio afirma que 140 pessoas morreram desde o início dos conflitos. O governo chinês, dominado pelo Partido Comunista e que controla o Tibet desde 1950, impede os jornalistas estrangeiros de ingressarem na região. LEÃO DA MONTANHA Em Lhasa, 13 pessoas foram presas devido a uma manifestação de 10 de março, afirmou o Tibet Daily, no primeiro anúncio sobre punições para os envolvidos naquela passeata pacífica. Os manifestantes gritaram palavras de ordem e mostraram a imagem de leões da montanha, disse o jornal. O leão da montanha é visto como um símbolo da luta do Tibet para conseguir independência da China. A passeata ocorreu no aniversário do levante malsucedido de 1959, lançado contra a dominação chinesa. Segundo Nicholas Bequelin, do Human Rights Watch, a prisão de manifestantes aparentemente pacíficos marcava uma reviravolta nas ações de segurança no Tibet. "Esse relato oficial dá crédito à alegação de que as manifestações em Lhasa começaram de forma pacífica e apenas nos dias subsequentes, depois de várias ações de repressão policial, tornaram-se violentas", afirmou Bequelin. A continuidade dos distúrbios -- e a resposta da China a eles -- aumenta as chances de o governo chinês ser alvo de protestos no cenário internacional à medida que a tocha olímpica circular pelo globo. Manifestantes tentaram atrapalhar a cerimônia de acendimento da tocha, na Grécia, na segunda-feira, episódio esse que os meios de comunicação oficiais da China não mencionaram, descrevendo o evento como o "início perfeito do caminho rumo ao ouro". (Reportagem adicional de Emma Graham-Harrison em Pequim, e Krittivas Mukherjee em Nova Délhi) REUTERS FE

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