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Movimento olímpico considera operação no Rio como 'duro golpe' contra COI

Processo de escolha das cidades está sob desconfiança e deve fragilizar a entidade

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Por Jamil Chade - CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

A suspeita que paira sobre o Rio de Janeiro também é um golpe duro contra o Comitê Olímpico Internacional, prestes a se reunir em Lima para oficializar Paris e Los Angeles como sedes de 2024 e 2028, respectivamente, e tentando se afastar de uma imagem corroída das entidades internacionais do esporte. Procurado pelo Estado, o COI apenas indicou que é de seu 'maior interesse' esclarecer o que de fato ocorreu em Copenhague, em outubro de 2009, quando o Rio foi escolhido.

"O COI soube dessas circunstâncias por meio da imprensa e está fazendo todo o esforço para obter informações completas", disse a entidade, por meio de um e-mail. "É do mais alto interesse do COI obter esclarecimentos sobre esse assunto", completou.

Thomas Bach é o atual presidente do COI Foto: Fabrice Coffrini/AFP

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No movimento olímpico, porém, a ofensiva contra Nuzman também foi recebida como uma "péssima notícia" para a credibilidade da entidade. O próprio Nuzman, depois da Rio-2016, ganhou um cargo em um dos comitês do COI, assim como outros dirigentes brasileiros. Na condição de anonimato, delegados e membros da família olímpica admitiram ao Estado que o incidente no Rio vai "jogar uma desconfiança sobre todo o processo" e deve fragilizar a entidade.

Thomas Bach, presidente do COI, insistia ser um "grande amigo" de Nuzman e sempre rejeitou qualquer necessidade de investigar os Jogos do Rio. Durante os últimos meses, o COI chegou a se lançar em uma campanha para promover o legado deixado pelo evento no Rio, inclusive distribuindo artigos a jornais estrangeiros assinados por Eduardo Paes, ex-prefeito também citado em casos de suspeitas de corrupção.

O caso ainda coloca o COI sob pressão, já que, em tese, terá de abrir processos disciplinares para avaliar não apenas Nuzman, mas também os suspeitos de terem recebido o dinheiro da propina pela compra de votos. Além do caso do Rio, a entidade também precisa ainda lidar com suspeitas sobre a escolha de Toquio para 2020, assim como diversos de seus dirigentes que estariam implicados no esquema.

Investigadores envolvidos na Operação Unfair Play indicaram ao Estado que a suspeita principal que emerge das investigações é de que a compra de votos para a Rio-2016 entre membros do COI não ocorreu sem um aval político por parte de diferentes níveis de governo no Brasil. A investigação, portanto, apura os vínculos entre Arthur Soares e Sérgio Cabral e existência de um pacto de corrupção em torno dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, que envolveria as obras públicas com as quais o governo brasileiro se comprometeu junto ao COI.

Um dos focos dos investigadores é se houve ainda vínculos entre empreiteiras que se beneficiaram dos projetos de infraestrutura para Rio 2016 e a suposta compra de votos.

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