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Mudança de alerta do coronavírus para pandemia pressiona os Jogos Olímpicos de Tóquio

Decisão da OMS altera cenário e comitê executivo do COI vai discutir as possibilidades em sua próxima reunião

Por Paulo Favero
Atualização:

O aumento no nível de alerta feito pela OMS (Organização Mundial de Saúde), mudando o status do coronavírus para pandemia (a última das seis fases de classificação de surtos), coloca ainda mais pressão no COI (Comitê Olímpico Internacional) e no Comitê Organizador (CO) dos Jogos Olímpicos de Tóquio. A competição está marcada para começar em 24 de julho, no Japão, mas essa decisão muda o cenário jurídico para a realização do evento.

A próxima reunião executiva do COI está marcada para 15 de junho, em Lausanne, mas dada a importância do assunto ela poderia até ser convocada emergencialmente bem antes disso. Quando o COI se posicionou sobre a manutenção da Olimpíada na data programada, foi logo após uma reunião com a OMS, que afirmou que não havia motivo para mudanças, mas que iria monitorar a situação de perto. O alerta de pandemia deixa esse panorama mais complexo.

Jogos Olímpicos serão em Tóquio Foto: Philip Fong/AFP

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Se em um ou dois meses o problema do coronavírus continuar crescendo no mundo e a velocidade de propagação da doença continuar alta, o COI terá de tomar uma decisão drástica, de cancelar os Jogos a exemplo de uma série de eventos esportivos já cancelados. Obviamente não existe ainda um prazo para isso acontecer, pois uma mudança de data dos Jogos ou cancelamento afetaria atletas, patrocinadores e cidade-sede, entre outros.

Alguns cenários que estão colocados

O primeiro cenário é manter a programação como ela está, mas para isso o ideal seria o coronavírus estar sob controle no mundo e a OMS rebaixar o status de pandemia. Para se ter uma ideia, quando a entidade declarou pandemia em 2009 com o surto de Influenza A (H1N1), levou um ano e dois meses para que isso fosse alterado.

Outra possibilidade é a realização dos Jogos Olímpicos sem a presença de público (caso continue sendo pandemia). É uma medida extrema, mas que resolveria o problema de uma contaminação maciça. Só que essa alternativa não garantiria a saúde dos atletas, que ainda estariam em risco de pegar a doença. Ela ocorreria em comum acordo com os patrocinadores.

É possível ainda adiar os Jogos por um ano. O COI teria de mudar sua Carta Olímpica, que rege que o evento precisa ser realizado em 2020. Assim, teria de fazer um aditivo no contrato com a cidade-sede, pois a realização do evento é prevista apenas para este ano. Isso daria tempo para ter um controle maior sobre o coronavírus e, apesar de atrapalhar a preparação dos atletas, eles teriam tempo de se ajustar e também de finalizar as classificações para Tóquio (muitas estão sendo adiadas).

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O pior dos cenários seria o cancelamento da Olimpíada. É uma situação limite, que obrigaria o Comitê Organizador a devolver o valor de ingresso para os fãs que compraram e faria com que COI e CO entrassem em uma grande batalha jurídica sobre seguro. É muito dinheiro envolvido. "Tóquio-2020 nunca falou sobre cancelar os Jogos. Os preparativos continuam como planejados", disse em nota o Comitê Organizador.

Na história, os Jogos Olímpicos só foram cancelados por causa da Primeira (1916) e Segunda Guerras Mundiais (1939 e 1945). O COI não quer que isso aconteça novamente, desta vez por causa de uma pandemia, e esse debate estará na mesa na próxima reunião do Comitê Executivo. O presidente da entidade, Thomas Bach, tem força nessa instância de decisão, que deve sair de forma unânime. Se a emergência médica não mudar até lá, o debate será longo.

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