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Na volta para casa, incerteza para o futebol feminino

Com a medalha de prata no peito, meninas do Brasil aguardam por novas oportunidades na carreira

Por Thaís Pinheiro
Atualização:

Foi em clima de incerteza que algumas das jogadoras da Seleção feminina de futebol desembarcaram neste sábado, às 5h40, em São Paulo. Apesar de terem ganhado a medalha de prata e, portanto, serem a segunda melhor seleção do mundo, elas ainda não sabem se receberão algum prêmio da CBF pela conquista. "Se fosse ouro, sabíamos que ia ter alguma coisa, agora com a prata não sabemos ainda", disse Daniela. A volante, que atua na Suécia, ainda espera que o futebol feminino ganhe mais espaço no cenário esportivo nacional. "A gente vive disso, precisa ganhar dinheiro, ninguém é rica aqui, o nosso sonho é jogar no nosso país", desabafou, mostrando a sua medalha de "ouro branco". Já a atacante Cristiane, que atingiu a marca da alemã Prinz com 10 gols em Olimpíadas - cinco em Atenas e cinco em Pequim - , demonstrou ter superado os momentos inicias de tristeza da decisão e está muito satisfeita com a campanha da equipe. O apoio da torcida também faz aumentar o orgulho da atacante. "Tem gente que vem dizer que agora assiste ao futebol feminino porque o masculino está horrível", lembra Cristiane, que vai ter de encarar a "lição-de-casa" que o pai preparou para ela. "Gravei o jogo e vou mostrar todos os erros para ela, a defesa cometeu as mesmas falhas, não podia ter subido [para o ataque]", critica Euclides Rozeira da Silva. Futuro incerto também tem a goleira Bárbara, de 20 anos. Sem clube para jogar, ela tem esperança de que sua primeira medalha olímpica faça a diferença. "Vou descansar agora e aguardar que apareça algum contrato para jogar". Outra parte da equipe não veio para o Brasil, como Marta, que foi para a Suécia, Renata para a Dinamarca, Andréia Suntaque para a Espanha e Pretinha para o Japão. No Rio, desembarcaram Tânia Maranhão e o técnico Jorge Barcellos. FESTA No saguão de desembarque do aeroporto de Guarulhos, Luiz Carlos Pereira da Silva, 24, era o "torcedor solitário" que aguardava Andréia Rosa, Bárbara, Cristiane, Daniela, Erika, Ester, Fabiana Francielle, Maurine, Maycon e Rosana desde as 23h de sexta-feira. "Eu não sabia se ia ter ônibus nesse horário [de manhã] para conseguir chegar", conta o operador de caixa, que teve uma noite com muitas cãibras nos bancos do aeroporto e que ainda ia encarar um dia de trabalho, na capital. Mas quando as meninas da seleção estavam para chegar, alguns familiares e colegas foram recepcioná-las, com faixas de incentivo ("vocês não conquistaram só a prata, mas o coração de todos os brasileiros"), bombons e muito orgulho pela conquista. Até mesmo quem estava só de passagem aproveitou para tirar fotos com as atletas.

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