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Nelson Ilha vê profissionalismo da vela em 6ª Olimpíada

Juiz crê que poluição da Baía de Guanabara pode ser um desafio

Por Nathalia Garcia
Atualização:

Escalado para participar pela sexta vez como juiz da Olimpíada, Nelson Ilha acompanhou de perto a transformação da vela e da competição. O brasileiro sublinha o aumento da preocupação com segurança dos Jogos e a profissionalização do esporte ao longo dos anos. "É impossível encontrar amadores disputando uma Olimpíada hoje." À medida que os atletas conseguiram deixar o amadorismo de lado, a arbitragem tentou caminhar nessa mesma direção, mas em uma velocidade mais lenta. Nelson relembra que quando se tornou árbitro internacional, em 1990, os velejadores reclamavam da postura de trabalho dos juízes mais velhos, que não tinham tanto conhecimento prático. Para ele, a experiência na água é um diferencial na hora das avaliações. "Em muitos casos, a gente julga versões. Vamos ouvir as testemunhas e filtrar o que pode ter acontecido. Sem experiência, fica difícil fazer um julgamento coerente", justifica. No Rio, a poluição da Baía de Guanabara pode ser um desafio a mais para o trabalho do júri. "Se alguém pedir uma reparação por um dano que foi causado por falha, tem que ser avaliado. Então, podem ocorrer situações envolvendo, por exemplo, um plástico que pegou na quilha." As variações das classes também exigem muito dos avaliadores, que devem ficar atentos às características dos barcos para não cometer equívocos. As preocupações não param por aí. "A posição onde o juiz vai se colocar com bote é fundamental para pegar o ângulo correto e também para não atrapalhar a regata. Você tem de estar dentro da raia, mas não pode interferir. Tem uma técnica para dirigir o bote e estar sempre no lugar certo, mas sem atrapalhar o vento, sem criar onda." Há uma rotação dos avaliadores pelas raias de competição, exceto pelo coordenador de cada classe. Como não há uma preocupação com a nacionalidade de juízes e competidores, as regras de conduta são rígidas. "Não devemos socializar com as equipes. Se você for procurado por algum atleta ou técnico para qualquer explicação, deve sempre ser acompanhado por um juiz de outra nacionalidade e precisa falar só em inglês", comenta.

Manter-se atualizado não é um problema para Nelson. Membro do Comitê de Eventos e do Comitê de Juízes da Federação Internacional de Vela (ISAF), o gaúcho é instrutor do seminário aplicado aos juízes que estão se reciclando e aos que almejam voos mais altos na carreira. "Em três ou quatro dias, você vê o programa, as regras e procedimentos nesses seminários. Acabo fazendo a reciclagem duas ou três vezes por ano", conta. Apesar de ver juízes dedicados e preparados para a função, Ilha reconhece que poucos vivem somente da arbitragem. Ele é administrador de empresas e tenta conciliar a vela em sua rotina. Em setembro, participará do Mundial na classe Soling. Para isso, teve de abrir mão do convite para arbitrar na Paralimpíada. A recusa também deve-se ao desejo de dar oportunidade para novos juízes brasileiros. "Temos uma turma boa envolvida com Olimpíada, dando suporte. Todos vão ganhar muita experiência."  

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