PUBLICIDADE

Publicidade

'Ouro olímpico não vai redimir futebol brasileiro', diz Rogério Micale

Treinador da seleção diz que a modalidade não deve se pautar no resultado

Por Antonio Pita e Ciro Campos
Atualização:

Título inédito, mas não a salvação. O técnico Rogério Micale, da seleção olímpica de futebol, afirmou nesta segunda-feira que a possibilidade de o Brasil conquistar medalhas de ouro no masculino e no feminino não deve ser considerada a salvação para as críticas sobre a gestão e organização do esporte no País. Para o treinador, é preciso ter calma antes de pensar que as duas oportunidades indiquem uma reação na modalidade.

"É exatamente isso (resultado) que não deveria pautar nosso relacionamento com o futebol e qualquer desporto", disse o técnico, após ser questionado se o desempenho do futebol masculino e feminino na competição poderia retomar a confiança do torcedor na seleção. "Essa oscilação de humor que nós temos de uma semana para outra, se ganhar é o melhor do mundo, se perder tem que começar tudo de novo. Precisávamos avaliar mais a forma de fazer o futebol brasileiro, para ter um trabalho bem desenvolvido", completou.

"Se ganhar é melhor do mundo, se perder tem que recomeçar", criticou Micale Foto: AP

PUBLICIDADE

O treinador relembrou que o imediatismo nas avaliações sobre o futebol é negativo e, inclusive, citou a campanha da sua equipe no torneio olímpico. Foram dois empates sem gols nos primeiros jogos antes de golear a Dinamarca, bater a Colômbia e chegar à semifinal contra Honduras, nesta quarta-feira, como favorito. "Se não acontecessem os resultados as críticas não teriam servido de nada, nem estaríamos aqui. A equipe soube lidar bem com a pressão. Chegamos mais fortes nesse momento de decisão", disse o técnico.

Micale não quis antecipar a escalação do time que enfrentará Honduras, mas indicou que não terá muitas mudanças em relação à equipe que jogou contra a Colômbia, no último sábado. Ele pediu apoio ao torcedor e "paciência" ao time na partida, já que os adversários devem provocar os "nervos" dos jogadores diante da pressão de ganhar em casa.

"Ele (técnico) vai tentar trabalhar com os nervos da seleção brasileira, transferir a responsabilidade para a nossa equipe. É um jogo de muita paciência. Temos que ter muita tranquilidade para não proporcionar aquilo que têm de mais forte que é o contra ataque", disse Micale.

Honduras busca uma revanche contra o Brasil, que eliminou o rival nas quartas de final da última Olimpíada de Londres, em 2012. No Rio, o time hondurenho eliminou a Argentina na fase de grupos, na última semana. O desempenho despertou a confiança do técnico, o colombiano Jorge Luis Pinto, na partida contra o Brasil. "Ele está no direito de sonhar com isso, assim como nós sonhamos com a medalha de ouro. Nós também estamos muito confiantes. A seleção brasileira sabe a importância dessa medalha", disse Micale.

A atuação de Neymar como capitão da equipe, criticada pelo perfil explosivo do atleta, foi descrita pelo treinador como "responsável". Segundo ele, o jogador se tornou "protagonista" muito cedo, e tem um amadurecimento "inerente" à trajetória de sua carreira. "Ele aprende com os erros, se ele errou no passado acho que está tentando aprender no presente e para o futuro. Se ele vai continuar, não posso dizer, é individual. Creio e espero que ele consiga".

Publicidade

Micale ainda comentou a relação com o técnico da seleção principal, Tite. Segundo ele, os dois conversam sobre os jogadores e trocam avaliações e sugestões sobre o desempenho em campo. "Se pudesse, convocaria todos os jogadores", disse, sobre o elenco da seleção principal. "Não tenho nenhum tipo de receio de quando tenho uma dúvida, ligar para perguntar ou solicitar opinião pela experiência que ele tem. Em contrapartida, estou à disposição. O objetivo é que trabalhemos juntos para que possamos, eu na olímpica e ele na principal, fazer o melhor trabalho possível. No que depender de mim, ele vai ter todas as informações necessárias", completou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.