Um aplicativo para celular pode ajudar cadeirantes a se locomoverem pelo Rio com mais facilidade. O Livrit, disponível para Android, ajuda a traçar as rotas mais acessíveis da cidade. As calçadas do Centro, da zona sul e o trajeto entre o transporte público e as arenas paralímpicas, na zona oeste, podem se tornar armadilhas, como mostrou o Estado nesta segunda-feira, 5, em reportagem que acompanhou um cadeirante e uma cega pelas principais rotas da Paralimpíada.
“As calçadas são a base de qualquer modal de transporte. A gente vê a tecnologia voltada para melhorar o serviço de transporte e tem uma lacuna de pouco esforço com base tecnológica para melhorar as calçadas”, afirmou o arquiteto Chico Viniegra, de 36 anos, criador do aplicativo.
O foco do Livrit são as pessoas com mobilidade reduzida – cadeirantes, idosos, pessoas com carrinho de bebê. “Esses são os mais afetados pela má conservação, mas o Livrit é bom para todo mundo. A calçada com pavimentação ruim pode provocar acidente”, lembra Viniegra, especialista em planejamento urbano.
A equipe do aplicativo mapeou a cidade e as áreas acessíveis são destacadas em azul. Pins em amarelo identificam obstáculos médios e os em vermelho mostram as dificuldades maiores, como uma rampa danificada.
As rotas trazem indicação de restaurante, meios de transporte naquela região e locais de interesse, como museus, shoppings e pontos turísticos. O aplicativo também é plataforma colaborativa. Os usuários podem notificar problemas e enviar foto do obstáculo, como um poste no meio da calçada ou calçadas estreitas.
Uma parceria com a prefeitura permite identificar os pontos com maior concentração de serviços para pessoas com deficiência, como centros de reabilitação, hospitais, escolas. “Esses dados são importantes para o poder público mapear os locais em que o cadeirante circula e poder priorizar o investimento”, afirmou Viniegra.
O Livrit teve apoio do programa de empreendedorismo do Sebrae, foi uma das cinco startups selecionadas no Desafio Cisco de Inovação Urbana – Porto Maravilha, entre 104 projetos que apresentaram soluções urbanas inteligentes; e foi o vencedor, na categoria acessibilidade, do prêmio sueco Olympic City Transport Challenge.