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Paralimpíada faz crescer busca por exercícios físicos

Antes sedentários, pessoas com deficiências passaram a buscar atividades depois de ver os paratletas pela TV

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

Paraplégico desde um ano de vida após ser atingido por uma bala perdida, Thiago Salustiano gostava de esportes, mas faltava um empurrãozinho. Ele veio em uma partida de basquete em cadeiras de rodas nos Jogos Paralímpicos do Rio no mês de setembro. Dias depois, procurou a Associação Desportiva para Deficientes (ADD) e hoje treina quatro vezes por semana a modalidade que via pela tevê. “A Paralimpíada é o sonho dos cadeirantes. Lá, a gente mostra que é capaz”, diz o estudante de 19 anos.

Com algumas variações, a história de Thiago está se repetindo. A Paralimpíada foi um estímulo para muita gente começar a praticar atividade física. Não se tratam de atletas de alto rendimento. Ainda não. São pessoas comuns, algumas sedentárias, que começam a sonhar com a rotina de atleta.

Paraplégico desde um ano, Thiago resolveu praticar basquete em cadeira de rodas depois de assistir aos Jogos Paralímpicos do Rio Foto: JF Diorio/Estadão

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Na ADD, a procura foi multiplicada por quatro. Entre janeiro a agosto, foram 37 pedidos de inscrição. Em setembro, exatamente após a Paralimpíada, o número saltou para 112 solicitações. Hoje, a entidade atende gratuitamente 270 participantes. No Centro Esportivo para Pessoas Especiais de Santa Catarina (CEPE), o aumento foi da ordem de 50%. “Os Jogos foram um divisor de águas. Muitas famílias nem sabiam que existiam determinada modalidade”, comemora Sileno Santos, coordenador da ADD.

Cristiana Carneiro Oliveira decidiu levar as duas filhas de uma vez, a Nicole, de 12 anos, e a Bianca, de oito, para a iniciação no atletismo.

O Comitê Paralímpico Brasileiro não possui estatísticas consolidadas, mas identifica um movimento tem escala nacional. O órgão abriu inscrições para voluntários para a próxima edição do Parapan Juvenis (Jogos Paralímpicos Panamericanos), que serão disputados entre 20 e 25 de março em São Paulo. Precisava de 150 voluntários, mas recebeu 650 inscrições de oito países. “Não aumentou apenas a procura pela prática esportiva, mas também o consumo e a participação nos torneios”, afirma Edilson Alves, diretor técnico do CPB.

Irmãs Nicole e Bianca começaram a treinar atletismo Foto: JF Diorio/Estadão

Antes de participar de competições municipais e regionais, é preciso passar pela classificação funcional, ou seja, a divisão por classes de acordo com a capacidade física. Cada esporte possui a sua classificação específica, podendo ser oftalmológica (deficiência visual), funcional (física) e psicológica (intelectual). Essa categorização permite que disputas justas e equilibradas. A partir daí, vale o desempenho do atleta. O professor de natação Renato Bissolotti explica que só a natação possui 14 classes. “A Paralimpíada foi importante também pela construção do ídolo. As pessoas descobriram referências”, diz.

Falar em ídolo paralímpico é falar de Daniel Dias. Esse foi o nome mais ouvido pelo Estado nas entrevistas. Maior medalhista do Brasil em Paralimpíadas e dono de 10 recordes mundiais em piscina longa, Daniel Dias nasceu com má formação dos membros superiores e perna direita. A partir daí, percorreu o caminho que Thiago está começando. Descobriu o paradesporto ao assistir o nadador Clodoaldo Silva em Atenas/2004. Seu potencial foi identificado exatamente na ADD em um projeto voltado para a iniciação esportiva de crianças e adolescentes com deficiência. Hoje, é um ídolo.

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