Pequim prepara medidas emergencias contra poluição

Governo estuda tirar mais de 90% dos carros de circulação depois da intensa névoa que cobriu a cidade

PUBLICIDADE

Por Emma Graham-Harrison
Atualização:

A China cogita adotar medidas de emergência para manter o ar limpo durante as Olimpíadas de Pequim, o que deve significar a ampliação do rodízio de veículos na capital e arredores caso não haja vento e chuva para dispersar a poluição, disseram consultores ambientais do governo nesta quarta-feira. Os cientistas disseram que a névoa cinzenta que cobriu a cidade no fim de semana se deve a uma longa frente úmida e de ar quente, combinação que, segundo eles, não deve se repetir no período dos Jogos (8 a 24 de agosto). Mesmo assim, a organização prepara medidas de contingência, para caso a chuva não venha. "As medidas adotadas até agora já são muito abrangentes. Temos de primeiro avaliar se elas tiveram o efeito desejado, e então, no caso de condições climáticas extremas, outras coisas devem ser impostas", disse Niu Fengrui, diretor de um grupo de pesquisas ambientais na Academia Chinesa de Ciências Sociais. O governo já adotou um rodízio que tira metade dos carros de circulação a cada dia. Além disso, fábricas poluentes tiveram suas atividades restringidas num raio de dezenas de quilômetros. Uma medida em estudo é proibir a circulação de carros com motores desregulados, disse Zhu Tong, professor da Universidade de Pequim e diretor do grupo de controle da qualidade do ar dos Jogos Olímpicos. O próprio pesquisador admitiu a jornalistas, porém, que seria difícil fiscalizar essa proibição. Outra medida aventada por ele é instituir um rodízio que atinja 90 por cento dos veículos a cada dia. Na prática, as pessoas só poderiam sair de carro quando o último dígito da data for igual à do último dígito da placa - por exemplo, só carros com placa com final 8 circulariam no dia 8, abertura dos Jogos. "Temos de proteger a saúde dos atletas sem impor transtornos demais às pessoas comuns", disse Zhu, acrescentando que as medidas excepcionais durariam só de um a três dias. Em visita a Pequim, o especialista Staci Simonich, da Universidade do Orgeon (EUA), disse que essas medidas de última hora teriam um efeito marginal na dispersão dos poluentes, em torno de apenas 10 por cento. (Reportagem de Lindsay Beck e Chris Buckley)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.