Pequim terá água suficiente para Olimpíada, se turistas vierem

Novos reservatórios comportam água suficiente para servir ao 1,5 milhão de turistas durante os Jogos

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Por Alan Wheatley
Atualização:

A boa notícia para os organizadores das Olimpíadas de Pequim é que eles terão água e combustível suficientes, mas ainda terão que trabalhar mais para garantir vegetais e turistas. A preparação final para os Jogos, que começam no mês que vem, está a todo vapor, com voluntários sorridentes em suas cabines e vasos de flores desabrochando por toda a cidade. E parece que o trabalho hercúleo para garantir que a capital chinesa não passe por um desabastecimento de água, mesmo com os muitos anos de seca, compensou: os principais reservatórios que abastecem a cidade comportam água mais do que suficiente para servir ao 1 milhão de turistas da própria China e outros 500 mil estrangeiros que são esperados durante os Jogos Olímpicos. "Pequim juntou todos os recursos hídricos, incluindo reservatórios, águas subterrâneas e pluviais, para assegurar o abastecimento durante a Olimpíada", disse Yu Yapin, da Agência de Águas de Pequim, segundo publicado neste domingo pela agência de notícias Xinhua. Para assegurar que não haja falta d'água em Pequim durante os Jogos, autoridades pediram para que fosse terminada de maneira antecipada um trecho de 309 quilômetros da seção norte do Projeto de Transferência de Água Sul-Norte, para que mais água seja bombeada, se necessário, de Hebei, uma grande província rural próxima à capital, região que já sofre com a seca. As autoridades também estão estocando gasolina e diesel, ainda que os carros só possam rodar em Pequim em dias alternados a partir de 20 de julho. PetroChina e Sinopec, as maiores produtoras de combustível da China, devem importar 310 mil toneladas de gasolina e 410 mil toneladas de diesel para uso no leste da China, de acordo com o ChemNet, um website de informações da indústria petroquímica. Por outro lado, o suprimento de vegetais que chega a Pequim caiu 10 por cento recentemente, o que fez os preços subirem 65 por cento, de acordo com Wang Xiaodong, o diretor do departamento de agricultura da cidade. A agência Xinhua citou Wang, que disse que a queda no número de caminhões que transportam vegetais para a cidade nos primeiros dez dias de julho é de 15 por cento, porque os motoristas temem as restrições de tráfego que estão sendo introduzidas para os Jogos. As fiscalizações já começaram, para assegurar a segurança e a redução da poluição, e elas devem chegar com força à capital e seus entornos. AMEAÇAS CONCRETAS A partir de 20 de julho, as autoridades em Hebei irão fiscalizar todos os veículos que forem a Pequim desde mais de 50 povoados e cidades, de acordo com notícias da imprensa local. A segurança também será reforçada em aeroportos e estações de trem, segundo o jornal Yan Zhao City. Agentes de viagem e companhias que recebem os esportistas estão preocupados que com a segurança mais estrita, a dificuldade de obtenção de vistos e recorrentes informações sobre ameaças terroristas, muitos turistas acabem desistindo de ir aos Jogos, que acontecem entre 8 e 24 de agosto. As reservas dos hotéis cinco estrelas para o período dos Jogos já ultrapassou 77 por cento dos quartos disponíveis, mas nos quatro estrelas elas caem para 48 por cento e estão em nível ainda mais baixo nos hotéis mais modestos, disse na última sexta-feira Xiong Yumei, vice-diretor da Agência de Turismo de Pequim. Uma força de 100 mil agentes anti-terrorismo já está a postos, mísseis terra-ar foram espalhados em torno dos principais locais em que ocorrerão os Jogos e revistas de bolsas já estão sendo feitas no metrô. Grupos de defensores dos direitos humanos dizem que a China está usando as questões de segurança das Olimpíadas para acabar com dissidentes internos, especialmente no Tibete, local em que aconteceram os sangrentos atos contrários ao governo de Pequim em março, e também em Xinjiang, região que tem maioria muçulmana na China ocidental. Mas a semi-oficial agência de notícia China News Service defendeu na última sexta-feira as medidas para tornar a segurança mais estrita, dizendo que as ameaças que a China vêm sofrendo são maiores que quaisquer das Olimpíadas anteriores. Os confrontos no Tibete e os recentes choques armados que aconteceram em Xinjiang mostram que é real o risco dos Jogos serem sabotados, disse a agência de notícias em um comunicado que não foi assinado. "Para a China, a complexidade da situação internacional e o ambiente politico deixam claro que não pode ser negado o fato de que a nuvem escura do terrorismo está se aproximando das fronteiras da China", segundo o comunicado. A agência disse que 80 chefes de Estado estarão presentes na cerimônia de abertura da Olimpíada.

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