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Por receio da zika, potências olímpicas se previnem

Medidas dos comitês nacionais incluem até o uso de mosquiteiros nos apartamentos da Vila Olímpica e roupas mais longas

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Por Paulo Favero , Andrei Netto (Paris) e Marcio Dolzan (Rio)
Atualização:

O surto de zika no Brasil não deverá mesmo ter maiores impactos nos Jogos do Rio, como sustentam os organizadores. Alguns dos principais comitês olímpicos nacionais do mundo afirmaram ao Estado que não pretendem deixar de vir à Olimpíada por causa da doença. Muitos, porém, vão adotar medidas extras de prevenção – o que inclui até o uso de mosquiteiros nos apartamentos da Vila Olímpica e roupas mais longas.

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Desde o início do mês, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou os casos de microcefalia ligados à zika emergência mundial, o tema se tornou assunto recorrente. Isso levou até mesmo o Comitê Rio-2016 a reunir especialistas na área médica para tratar do assunto. No exterior, houve quem sugerisse o adiamento ou até o cancelamento dos Jogos.

Os Estados Unidos, principal potência olímpica, foi um dos primeiros a se manifestar sobre o fato. “A equipe americana já olha para os Jogos e não evitamos, nem vamos evitar, que nossos atletas compitam por seu país caso se classifiquem”, declarou Patrick Sandusky, porta-voz da entidade.

O clima de insegurança em função do zika parece não ter afetado os comitês olímpicos nacionais de outras potências. Com maior ou menor veemência, Alemanha, Espanha, Austrália, Japão, França e Bélgica, ouvidos pelo Estado, descartaram ficar de fora da Olimpíada.

Vencedor de 44 medalhas, sendo 11 de ouro, nos Jogos de Londres-2012, o comitê olímpico alemão firmou parceria com a maior fabricante de repelentes do seu país e fornecerá o produto para todos os integrantes da delegação durante a estada no Rio de Janeiro. A entidade também quer que os atletas utilizem mosquiteiros nos quartos da Vila Olímpica.

Em Paris, o Comitê Nacional Olímpico da França não decidiu se divulgará uma cartilha de recomendações aos atletas. A razão: a estação em que a competição será realizada no Rio é favorável à erradicação do vírus. O tema está em terceiro plano nos interesses do comitê, atrás do desempenho da equipe em 2016 e da candidatura de Paris aos Jogos de 2024.

Já o Comitê Olímpico Belga planeja uma série de medidas para garantir a segurança e a saúde dos atletas do país. Segundo o diretor médico da entidade, Johan Bellemans, o receio é pequeno, já que os Jogos ocorrerão com clima mais seco e temperaturas mais baixas, ambiente desfavorável à reprodução do mosquito. “Nesse período do ano há muito menos mosquitos, e logo muito menos risco de infecção”, diz o comunicado distribuído pelo comitê belga.

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Feita a ponderação, a entidade aconselhou que os atletas usem repelente e vestes de mangas longas, além de calças, em lugar de bermudas, de forma a evitar a exposição da pele às picadas. “Nós estamos convencidos que o Comitê Organizador, o Comitê Olímpico Internacional e as autoridades brasileiras oferecerão um ambiente seguro para o sucesso dos Jogos Olímpicos”, afirmou o chefe do time belga, Eddy De Smedt. “Não há razão para pânico.”

Soluções. Décima colocada no quadro de medalhas na última Olimpíada, a Austrália vai adotar procedimento semelhante ao da Alemanha. “Estamos orientando os integrantes da equipe sobre os riscos e maneiras de atenuá-los, como usar mangas compridas e repelentes, além de fechar as janelas e usar o ar-condicionado na Vila Olímpica”, declarou o comitê.

Nenhum atleta do país será obrigado a vir ao Rio, mas os australianos não creem em desistência. “Os atletas e funcionários do comitê têm autonomia para decidir se querem ou não participar dos Jogos. Nós não forçaremos nenhum atleta a participar, mas até o momento ninguém demonstrou interesse em deixar a Olimpíada.”

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A Espanha também confirmou presença, mas adotou um tom um pouco mais cauteloso. “Até o momento, vamos participar. Para isso, vamos tomar as medidas sanitárias necessárias”, destacou o comitê nacional. “Não podemos obrigar ninguém a participar de uma competição caso ele sinta que sua saúde corra algum risco, mas nossa obrigação é oferecer todas as medidas possíveis para que os atletas não considerem essa possibilidade.”

O Japão, por sua vez, preferiu um tom protocolar. “Temos mantido contato constante com a OMS e com o Comitê Rio-2016, e estamos trabalhando para dar as melhores condições a nossa equipe.”

  Foto: Michael Chow | USA Today Sports
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