A China investiu muito tempo e muito dinheiro para ganhar suas primeiras medalhas no vôlei de praia, mas o futuro do esporte no país é incerto, a não ser que as pessoas o adotem definitivamente, disse nesta quinta-feira o técnico principal dos atletas chineses,. Tian Jia e Wang Jie, a dupla chinesa mais bem ranqueada no circuito internacional, ficou com a prata na final feminina disputada em Pequim, enquanto Xue Chen e Zhang Xi asseguraram o bronze olímpico -- medalhas obtida, respectivamente, diante de forças mundiais do vôlei de praia: Estados Unidos e Brasil. A dupla presença no pódio foi um grande marco para a China, que nesse esporte tinha como melhor resultado até então o 16o lugar em Atenas-2004, com Tian e sua antiga parceira. "A administração esportiva está colocando muitos recursos para ajudar com treinamento e nos dar oportunidade de participar do circuito internacional", disse o técnico Miao Zhihong à Reuters. A dupla agora passa três meses do ano em um resort em Sanya, na ilha de Hainan, onde no ano passado foi aberto um centro de treinamento com dinheiro do governo e de empresas. "É bom ter um local permanente", disse Miao. "Mas a base popular do vôlei de praia na China ainda não é boa. Temos poucos jogadores de elite." "Europeus e americanos adoram sol e praia. Para eles é natural, mas na China o esporte só foi introduzido há uns dez anos", disse ele. "Se sua popularidade não crescer, vou começar a me preocupar." Os chineses, especialmente as mulheres, não gostam de se bronzear. A pele queimada está associada a trabalhadores mais pobres, que precisam trabalhar duro debaixo do sol. Se Miao cita o salário médio recebido -- baixo pelos padrões ocidentais -- como fator importante para o vôlei de praia se popularizar, a economia em ascensão e um novo gosto por esportes são bons indícios para o crescimento da modalidade. Pelo jeito que os atletas estão sendo "apadrinhados", as "peneiras" para descoberta de mais talentos naturais devem aumentar, assim como a forma com são feitas, apesar de terem funcionado bem para a Olimpíada de Pequim. "Eu não escolhi o vôlei de praia; ele que me escolheu", disse Wang, de 23 anos, que vem da distante região de Xinjiang, no oeste da China.