Rebeca Andrade se desdobra em busca da vaga olímpica

Recuperada de uma cirurgia no joelho, ginasta está escalada na equipe brasileira

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Por Marcio Dolzan
2 min de leitura

Principal esperança da ginástica feminina brasileira, Rebeca Andrade voltará a competir esta semana, na etapa da Copa do Mundo de Baku, no Azerbaijão. A atleta de 16 anos sofreu grave lesão no joelho em junho do ano passado, enfrentou uma cirurgia que lhe exigiu cinco meses de recuperação e voltou aos treinos apenas recentemente. Ela será escalada aos poucos nas competições para tentar atuar nos quatro aparelhos no evento-teste de abril, última chance de o Brasil conquistar vaga por equipes na Olimpíada.

Rebeca teve ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito em um treino em junho, o que acabou lhe tirando dos Jogos Pan-Americanos de Toronto e do Mundial de Glasgow, competição que dava oito vagas por equipes na Olimpíada – o Brasil acabou a competição em nono lugar. “Pela nossa pontuação, com a Rebeca nós teríamos terminado em sexto”, lamentou Georgette Vidor, coordenadora da seleção feminina.

Rebeca Andrade em prova nas barras paralelas assimétricas durante o Mundial de Ginástica Artística 2015, no Ginásio do Ibirapuera, na zona sul em São Paulo Foto: PAULO CAMPOS | PAGOS

Mas quem mais sentiu a ausência naquelas duas competições foi a própria Rebeca. “Eu sonhei a vida inteira em estar no Pan e ajudar a equipe, em estar no Mundial e trazer medalhas, mas estava machucada e não podia fazer nada, nem levantar direito para ir ao banheiro eu conseguia”, contou.

A recuperação foi lenta e dolorida. “Eu fiquei muito, muito triste. Minha mãe ficou até preocupada porque eu não queria treinar, nem fazer nada”, recorda Rebeca. “Eu nunca havia ficado tanto tempo parada, no máximo foi um mês quando eu quebrei o dedinho.”

Sem ânimo, a atleta perdeu treinos e ganhou quilos. “A gente teve o problema do peso com a Rebeca. Todos os dias a gente falava isso, e quando ela voltou eu não conseguia olhar para o corpo dela. Ela estava com o rosto tão gordo que eu conversava, mas não conseguia olhar”, lembra Georgette.

Aos poucos, porém, Rebeca foi recuperando o ânimo e voltou aos treinos. Em novembro, passou a fazer exercícios leves no Centro de Treinamento da seleção, na Barra. No mês seguinte, deixou para trás a folga de fim de ano e recuperou a forma física. Desde o mês passado, treina normalmente com as demais ginastas.

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“Estamos trabalhando muito forte. No começo do ano passado treinamos mais devagar, mas este ano eu não tive férias, nem a Jade (Barbosa), nem a Milena (Theodoro), enfim, muitas meninas não tiveram férias para que a gente consiga a vaga olímpica”, explicou a atleta.

Ela admitiu, porém, que ainda não está totalmente confortável com os exercícios. “Às vezes sinto dores, mas agora é dor por estar voltando aos treinos, não do meu joelho.”

A partir de sexta-feira, Rebeca finalmente volta a competir. Em Baku, ela vai participar apenas da prova de barras assimétricas. “A paralela dela está pronta, e ela é a nossa grande paralela”, diz Georgette Vidor.

Depois da disputa no Azerbaijão, Rebeca vai competir em um torneio na Itália. Lá, a comissão técnica planeja que a ginasta participe também das disputas de trave e salto.

A intenção é deixá-la em totais condições para o evento-teste em abril, quando quatro vagas por equipes para os Jogos Olímpicos estarão em disputa. Na competição, Rebeca deverá participar dos quatro aparelhos. “Vou dar minha vida por essa vaga”, prometeu a atleta.