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Recordes esportivos estão perto do limite, diz estudo

Para pesquisadores franceses, metade dos recordes mundiais não será mais batida significativamente em 20 anos

Por Daniela Fernandes
Atualização:

Um estudo realizado por pesquisadores franceses revela que, em apenas 20 anos, a metade dos recordes mundiais esportivos não poderá mais ser superada de maneira significativa.   Veja também:  Brasil sempre chega em finais, por que não ganha? A campanha brasileira na Olimpíada de Pequim   A razão disso, segundo os pesquisadores, é que os atletas terão praticamente atingido o limite de suas capacidades fisiológicas.   A partir de 2068, deverá ser praticamente impossível quebrar recordes em 90% das modalidades olímpicas, de acordo com o estudo.   Os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Biomédica e Epidemiológica do Esporte (Irmes) da França analisaram os 3.263 recordes mundiais superados em cinco modalidades olímpicas (atletismo, natação, ciclismo, levantamento de peso e patinação de velocidade) a partir de 1896, data dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna.   De acordo com o estudo, o homem utilizava 75% de sua capacidade máxima em 1896, ante 99% atualmente. Em 2027, os atletas atingirão 99,95% de suas capacidades, afirmam os pesquisadores.   Dessa forma, o recorde dos 100 m masculino no atletismo, que acaba de ser quebrado em Pequim pelo jamaicano Usain Bolt, com o tempo de 9s69, deve se situar, pelos cálculos dos pesquisadores, em torno de 9s67 em 2027 e somente poderia ser superado em milésimos de segundos a partir dessa data.   No prazo de 60 anos, a progressão em quase todas as modalidades deve estagnar e melhores resultados em provas como a maratona seriam contados em centésimos de segundos ou, no caso do halterofilismo, em gramas, afirma o estudo.   "LIMITE ABSOLUTO" "A progressão do recorde nas provas esportivas caminha para um limite absoluto que é o limite da espécie humana e não do indivíduo", diz o pesquisador Jean-François Toussaint, diretor do Irmes e um dos autores do estudo.   Os pesquisadores franceses concluíram que após uma primeira fase, entre 1896 e 1968, com rápidos progressos esportivos e freqüentes quebras de recordes mundiais, interrompidos somente durante as duas Guerras Mundiais, constata-se uma importante regressão nos últimos 40 anos.   Desde 1970, foi constatada uma diminuição no número de recordes mundiais e também uma redução nos ganhos de performance nas marcas superadas, apesar dos inúmeros progressos técnicos em termos de equipamentos, métodos de treinamento e alimentação dos atletas.   "Estamos chegando ao limite das capacidades fisiológicas da espécie humana", afirma o diretor do Irmes.   Alguns recordes não são quebrados há vários anos. Um dos exemplos mais marcantes são os 100 m femininos no atletismo.   Em 1988, a americana Florence Griffith-Joyner pulverizou a marca em 10s49. A única a se aproximar desde então foi a também americana Marion Jones, com 10s65 em 1998, mas ela confessou o uso de doping.   Em Pequim, a jamaicana Shelly Ann-Fraser levou o ouro com a marca de 10s78.   Desde 1973, nenhum atleta bateu a marca do cubano Javier Sotomayor no salto em altura, com 2,45 metros. O russo Andreï Silnov ganhou o ouro em Pequim com a marca de 2,36 metros.   PHELPS A natação, no entanto, como provou o nadador Michael Phelps em Pequim, representa uma exceção: 90% dos resultados continuam progredindo.   A melhor performance, na avaliação dos pesquisadores franceses, pode também ser atribuída a novos trajes de alta performance utilizados pelos nadadores.   Os pesquisadores do Irmes se interrogam, na conclusão do estudo, se o lema olímpico citius, altius, fortius ("mais rápido, mais alto, mais forte", em latim) não deveria ser revisto no final do século 21 para "tão longe, tão alto, tão forte". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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