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Robson Conceição vai atrás do 1º ouro do Brasil nos ringues

Brasileiro luta nesta terça-feira contra francês

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Demetrio Vecchioli e Ubiratan Brasil
Atualização:

Os pugilistas Robson Conceição, do Brasil, e Sofiane Oumahi, francês, jamais se enfrentaram. Mas o primeiro confronto certamente será inesquecível – na noite de hoje, às 19h15, no Riocentro, eles vão disputar a medalha de ouro na categoria dos pesos ligeiros (até 60 kg) do Rio-2016.

Se vencer, Robson se tornará o primeiro lutador nacional a conquistar um ouro e entrará para a galeria de medalhistas formada por Esquiva Falcão, prata, e Yamaguchi Falcão e Adriana Araújo, bronze, todas em Londres 2012, além do terceiro lugar conquistado por Servílio de Oliveira, no já distante México 1968.

Nas semifinais, o baiano de Salvador encarou um dos favoritos ao ouro, o cubano Lázaro Álvarez. Venceu por decisão unânime. Foto: AFP

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“Robson tem 99% de conquistar o ouro”, disse Esquiva Falcão, em entrevista ao canal SporTV. “A luta mais difícil foi vencida na semifinal, contra o cubano Lázaro Álvarez.” De fato, com golpes bem aplicados (sobretudo no terceiro round), o brasileiro venceu por pontos o tricampeão mundial da categoria. O triunfo despertou uma indisfarçável euforia na comissão técnica, emoção que não chegou a contaminar Robson Conceição – concentrado para a luta, prefere ficar em seu quarto quando não está no treino.

O brasileiro dispensa assistir a outras lutas ou mesmo outros esportes e só não abre mão de alguns joguinhos de computador para relaxar. Manteve distância também das redes sociais, voltando apenas após a vitória sobre o cubano para receber carinho dos fãs – como da cantora Ivete Sangalo, que escreveu: “Talento e sabedoria são seu forte”.

Aos 27 anos, baiano de São Caetano, bairro pobre de Salvador, Robson disputa sua terceira e última olimpíada – após os jogos, pretende se tornar profissional. “E, se vencer a medalha de ouro, o caminho deverá ser mais fácil”, acredita ele, que também é sargento na Marinha.

Convites não faltaram para que essa transição fosse feita antes mesmo da Olimpíada do Rio. Os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão e Everton Lopes, campeão mundial em 2011, não resistiram à tentação e tornaram-se profissionais antes de disputar a Olimpíada em casa. Robson optou por continuar no amadorismo – bem remunerado, por sinal, inclusive com bolsas para lutar na APB – e agora colhe os frutos da decisão.

O garoto, que chegou ao boxe pensando em ganhar brigas de rua no carnaval de Salvador, foi lapidado por Luiz Dórea, também responsável pela formação de Popó, Adriana Araújo e Junior Cigano, entre outros. Caiu na estreia tanto em Pequim-2008 quanto em Londres-2012, sempre para boxeadores da casa, mas evoluiu no último ciclo. Foi prata no Mundial de 2013, bronze no de 2016 e levou o Continental de 2015, vencendo o cubano Álvarez na final. Também no ano passado, chegou a liderar o ranking mundial.

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Agora, mais próximo do principal prêmio olímpico, Robson descobriu na judoca Rafaela Silva, medalha de ouro na categoria leve, sua principal inspiração. “Ela também veio de baixo, da favela, como eu, e nada melhor que tê-la como referência e seguir seu exemplo.”

Para isso, ele precisará derrubar (por nocaute ou pontos) o jovem francês de 21 anos, que estreia em uma Olimpíada. Apesar da pouca idade, Sofiane Oumahi gosta de lembrar que permaneceu durante sete anos invicto durante a fase de transição entre o final da infância e a adolescência, ou seja, dos 11 aos 18 anos. Sua primeira derrota aconteceu em 2012, para o russo Khusein Baysangurov, que agora luta profissionalmente.

Abandonar o amadorismo, aliás, não faz parte de seus planos – Oumahi já coloca os jogos de Tóquio, em 2020, como meta em sua carreira – que inclui ainda, ensinar boxe a crianças. Mas isso só daqui a muitos anos. Por ora, além da dedicação integral ao boxe, o francês curte outros esportes, como o futebol. Nesse caso, tem Neymar e Cristiano Ronaldo como grandes ídolos.

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