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'Samurai francês' do judô não perde uma luta desde 2008 em Pequim

Teddy Riner é tido como favorito absoluto ao ouro no Rio

Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

Se o futebol teve Pelé e o basquete contou com Michael Jordan, o judô vive a era de Teddy Riner. O enorme francês, de 2,04 metros de altura e 130 quilos de peso, é o fantasma dos tatames pelo mundo e promete assombrar o Rio na busca da segunda medalha de ouro olímpica.

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Invicto na categoria acima dos 100 quilos desde a semifinal da Olimpíada de Pequim-2008, dono de oito títulos mundiais, com um currículo de 101 vitórias consecutivas, das quais metade foi por ippon (golpe perfeito), Riner tira o sono dos japoneses. Criadores da arte marcial, os nipônicos não admitem serem superados na principal categoria do judô. Viveram um drama quando o holandês Anton Geesink, gigante como Riner, ganhou a medalha de ouro dentro de Tóquio nos Jogos de 1964.

Agora, perdem o sono todas as vezes que ouvem o nome de “Teddy Bear, Big Ted” nas competições internacionais. Kosei Inoue, tricampeão mundial e medalha de ouro na Olimpíada de Sydney, é o técnico da equipe masculina. Prepara há cinco anos Ryu Shichinohe, filho de Yasuhiro Shichinohe, um astro do Kyokushin, um dos estilos mais violentos do caratê. 

Teddy Riner, judoca pesos pesado francês Foto: Pool Kms/Dppi

Shichinohe, de 27 anos, disputou duas finais de campeonatos mundiais diante de Riner. Perdeu as duas, mas na decisão de Chelyabinski, em 2014, por pouco não obteve um ippon no fim do combate.

“Já sabemos como vencer Riner. Ele que nos espere no Rio”, disse Inoue, deixando de lado o equilíbrio oriental. 

Riner sabe da obsessão japonesa, mas não dá bola. Ele confia demais em sua força, na envergadura de seus braços e pernas, mas principalmente na velocidade e variação de seus golpes.

Big Ted mudou a forma de lutar dos judocas na categoria dos pesos pesados, marcada anteriormente por gorduchos lentos. Ele não aparenta ter 130 quilos, graças ao pequeno percentual de gordura (cerca de 5%). Com isso, sua explosão muscular faz com que seus golpes sejam praticamente impossíveis de serem evitados. Harai-goshi, uchi-mata, ouchi-gari, ashi barai e osoto-gari são as suas técnicas preferidas para liquidar seus adversários.

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Em novembro, durante a disputa do Campeonato Francês, Riner atingiu a marca de 101 vitórias consecutivas.

MENINO DO RIO

Das oito conquistas mundiais, duas delas foram no Rio: 2007 e 2013. “O Brasil e o Rio são muito especiais para mim. Tenho certeza de que vou me sentir muito bem para buscar a segunda medalha olímpica”, disse o judoca que, em ambas as vezes em que se sagrou campeão mundial, aproveitou para festejar bastante na badalada noite carioca. Apesar de toda a pressão por ser considerado uma medalha de ouro certa para a França, Riner afirmou recentemente que acredita ter um desempenho mais relaxado no Rio do que teve em Londres há quatro anos.  “Em 2012, tinha a obrigação de vencer. Lutei sem correr nenhum tipo de risco, só para obter as vitórias. Agora, poderei relaxar um pouco mais, lutar de forma mais solta, pois a preocupação é dos meus adversários, que vão enfrentar o atual campeão.”

FAMA

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Teddy Riner é um dos atletas mais famosos da Europa. Encontro com políticos, participação em programas de TV, trabalhos como modelo em comerciais de marcas importantes de roupas, carros, perfumes transformam o judoca em uma celebridade.

Atleta do Levallois Sporting Club, com contrato assinado até 2018, Riner recebe  24 mil (R$ 108 mil) de salário, além de 1,9 mil para aluguel de um imóvel, 550 de um aluguel de um carro e por mês de combustível.  Conquistas internacionais também proporcionam um bom aumento na conta bancária do judoca. O último título no Campeonato Europeu rendeu 46 mil. Carismático, Riner foi contratado para emprestar sua voz na versão francesa da animação Zootopia, da Disney. Teddy Riner chegou a pensar em pendurar o quimono após os Jogos Olímpicos do Rio, mas voltou atrás e planeja aumentar cada vez mais a lenda ao redor de seu nome.  “Quero somar o maior número de vitórias, quebrar todos os recordes, ganhar todos os títulos e medalhas possíveis para ser lembrado como Pele é no futebol e Michael Jordan, no basquete.”

 Foto: Arte/Estadão
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