Seleção de vôlei é vice-olímpica em clima de despedida

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Por ALBERTO ALERIGI JR.
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A seleção brasileira de vôlei masculino encerrou um ciclo olímpico de oito anos com a medalha de prata em Pequim e em clima de despedida com saídas já anunciadas de jogadores e incerteza do treinador Bernardinho sobre se continua com o grupo. O time, que foi seis vezes campeão da Liga Mundial na "era Bernardinho", iniciada em 2001, enfrenta a saída do meio-de-rede Gustavo, que disputou seu último jogo pela seleção na partida contra os Estados Unidos, neste domingo. Além de Gustavo e também do oposto Anderson, o capitão Giba afirmou que fica só até 2010. "Minha idéia (de ficar na seleção) é até 2010. Tenho que ver a necessidade da minha família, é difícil passar esse mês inteiro longe de casa com a minha filha não falando comigo. Isso pesa bastante quando a gente vai ficando velho", disse Giba, 32 anos, que em breve será pai pela segunda vez. Na derrota para os Estados Unidos na final em Pequim, por 3 sets a 1, o time avaliou que jogou bem, mas que os norte-americanos foram superiores. O sentimento da derrota se misturou com o da despedida, com jogadores como Marcelinho e Bruno inconsoláveis ao final da partida em que o Brasil quase conseguiu levar para um tiebreak. "Chegar numa final não é fácil, vocês acham que a gente tem obrigação de chegar a uma final e não é bem assim. Somos seres humanos e chegar numa final é um grande orgulho para todo mundo. Queríamos o ouro, mas essa prata vale muito", disse Marcelinho, um dos poucos jogadores que teve disposição de falar com a imprensa após a derrota. André Heller declarou: "Lutamos até o fim e estamos tristes porque perdemos a oportunidade de nossa vida. Não sei se num futuro próximo estaremos todos juntos", disse o meio-de-rede. "A gente cultivou coisas muito boas aqui e isso não vai se apagar com uma derrota", completou o jogador que, ao descrever o que aconteceu no jogo deste domingo, afirmou apenas: "Perdemos de 3 a 1". "MOMENTO DE CALMA" Com Bernardinho, a seleção brasileira foi, além dos títulos da Liga Mundial, medalha de ouro nos Jogos de Atenas, bicampeã da Copa do Mundo, bicampeã do Campeonato Mundial e conquistou a Copa dos Campeões em 2005. Para o treinador, o momento é de reflexão depois de o Brasil ser por tanto tempo referência no vôlei mundial. Bernardinho ainda não definiu se continuará no cargo para o próximo ciclo olímpico porque, segundo ele, é preciso se definir o que será melhor para a seleção brasileira. "Tenho que analisar o que eu aprendi e o que posso acrescentar para o Brasil mais para frente. Vou ter essa disposição de continuar? É um momento de calma, no momento estou ainda, vou continuar trabalhando. Vamos ver o que é melhor para quatro anos", disse o técnico. Segundo ele, a saída de alguns jogadores da equipe é um processo natural de renovação e, apesar da ausência de Gustavo, Anderson e Giba, o time poderá continuar contando com outros jogadores que participaram desta Olimpíada. "Temos perfeitamente para ficar (no grupo): Murilo, Dante, Rodrigão, André Heller, Bruno, Samuel", disse o técnico. "A minha tristeza é saber que não vou conviver com o Gustavo e alguns jogadores no próximo ano. Mas você segue em frente. Queria que eles tivessem concluído com o ouro", acrescentou. Na expectativa de Bernardinho, o levantador Bruno, seu filho tem condições de ser um futuro líder do time de vôlei do Brasil. "Espero como treinador que ele se torne um líder dessa próxima geração porque ele tem personalidade para isso. É um bom jogador e, principalmente, o que ele aprendeu nesses dois anos de seleção vai dar a ele condição de empunhar a bandeira de uma seleção brasileira", disse Bernardinho.

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