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Sem vento e com ondas, China é desafio para Scheidt

Em agosto, iatista poderá se tornar o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas de ouro

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Por Pedro Fonseca
Atualização:

Robert Scheidt poderá se tornar o primeiro brasileiro tricampeão olímpico nos Jogos de Pequim, mas para chegar ao ouro em sua primeira Olimpíada na classe Star, o iatista terá que velejar com ventos fracos e muitas ondas na Marina de Qingdao. Dono de dois títulos olímpicos e oito mundiais velejando como favorito absoluto na classe Laser, Scheidt, de 35 anos, terá na China o desafio de entrar numa competição em igualdade de condições com pelo menos outros oito adversário, segundo sua própria avaliação. Numa prova tão equilibrada, que será disputada "metro a metro", Scheidt, que tem Bruno Prada como companheiro, pode se beneficiar de um novo barco preparado especialmente para enfrentar as condições de Qingdao, no mar Amarelo, sede das provas de vela dos Jogos de Pequim. "É um barco com algumas modificações na parte de quilha e de leme, mais otimizado para vento fraco, que é a condição que nós devemos encontrar na China -- vento bem fraco e muita onda", disse Scheidt, em entrevista por telefone à Reuters, antes de embarcar para a Itália, na quinta-feira, onde pegará o novo barco no estaleiro. "Essa é uma condição que a gente veleja pouco. No Brasil e em outros eventos, normalmente quando o vento é fraco, não tem onda. Onda com vento fraco é bastante diferente", acrescentou o velejador, que trocou a Laser pela Star após conquistar o octacampeonato do barco individual, em 2005. "Mas não é um barco extremo, ele também deve render bem se o vento aumentar." STAR ATÉ 2012 Scheidt e Prada conquistaram a medalha de bronze no Mundial dos Estados Unidos, em Miami, no mês passado, depois de terem conquistado o título mundial em 2007. A queda de duas posições, segundo Scheidt, reflete o equilíbrio atual da classe Star no mundo, ao contrário do que acontecia quando ele velejava na Laser. Ao trocar uma medalha provável na Laser por uma prova aberta, em que corre o risco de ficar fora do pódio, Scheidt aposta também na experiência de três olimpíadas no currículo para manter o histórico vencedor. Além de conhecer a pressão de estar nos Jogos, o brasileiro venceu no ano passado o evento teste no local da prova olímpica. "O Star tem realmente essa questão de oito ou nove duplas brigando realmente pelas três medalhas. Vai ser uma Olimpíada extremamente disputada, sem ninguém que tenha uma vantagem competitiva perante os outros, mas a gente acredita muito num bom resultado lá", afirmou Scheidt, que colocou as duplas de Polônia, Itália, França, Nova Zelândia, Inglaterra, Suécia, Portugal e Suíça como os principais concorrentes. "Ganhamos o evento teste no ano passado com um barco teoricamente inferior, montado em cima da hora. A experiência que eu tenho de já ter passado por três Olimpíadas pode me ajudar na hora. Vai ser regata a regata, metro a metro." Scheidt, que descartou um retorno à Laser em caso de fracasso em Pequim e disse que fica na Star pelo menos até os Jogos de Londres-2012, vê seu substituto na Laser, Bruno Fontes, como "um atleta que pode surpreender, mas no papel não é favorito". Se voltar da China com o terceiro ouro olímpico na bagagem, superando os bicampeões Adhemar Ferreira da Silva, Torben Grael, Marcelo Ferreira, Maurício e Giovane, Scheidt garante que "seria ótimo". Mas afirma: "Sinceramente não é algo que eu perca muito tempo pensando. O importante é fazer a melhor preparação possível. O objetivo é uma medalha olímpica, se sair de ouro, prata e bronze, a gente vai sair de alma lavada."

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