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Terremoto mostra nova fase da relação China-imprensa, diz COI

Congresso avalia que a liberdade para acompanhar os desdobramentos da tragédia mostram evolução

Por Nick Mulvenney
Atualização:

A maneira como a China lidou com o terremoto da semana passada e a abertura do regime à cobertura da imprensa estrangeira mostram as mudanças de atitude em relação à mídia no país, disseram autoridades olímpicas na quinta-feira. Os jornalistas estrangeiros têm, em geral, sido autorizados a reportar com liberdade os desdobramentos do terremoto de 12 de maio que matou mais de 51 mil pessoas. "A cobertura foi muito ampla na imprensa nacional e internacional; eu ficaria surpreso se isso mudasse, embora é claro que eu não queira transformar uma tragédia em uma coisa boa", disse Kevan Gosper, diretor de Imprensa do Comitê Olímpico Internacional (COI), em um congresso da Associação Internacional da Imprensa Esportiva em Pequim. A capital chinesa promete uma liberdade de imprensa sem precedentes durante a Olimpíada de agosto, embora isso não valha para a imprensa local, rigidamente controlada pelo regime comunista. A China foi muito criticada na imprensa estrangeira quando da repressão a protestos no Tibete em março. Os incidentes acabaram afetando o trajeto da tocha olímpica pelo mundo, com manifestações pró e contra o regime. Gosper admitiu que houve "um nível notável de agressão contra este país por parte da mídia internacional, particularmente durante o trajeto da tocha na Europa e América do Norte". "[Mas] nos últimos dias houve uma notável mudança de humor, após o extraordinário desastre. Eu esperaria que isso se mantivesse durante os Jogos", acrescentou. O Clube de Correspondentes Estrangeiros na China elogiou a liberdade de cobertura quando do terremoto em Sichuan, mas disse que ainda há casos de intimidação de jornalistas. "Alguns correspondentes relataram casos de interferência quando tentavam chegar às áreas afetadas pelo terremoto ou nelas realizar entrevistas", disse nota da entidade. "Dois jornalistas estrangeiros se disseram agredidos. Dois correspondentes relataram que as autoridades apreenderam ou tentaram apreender vídeos, ou deletaram fotografias", acrescentou o texto. Gosper reiterou sua crença de que Pequim cumprirá a promessa de permitir o mesmo grau de liberdade de imprensa que em outras Olimpíadas, especialmente no quesito do acesso sem restrições à Internet. O presidente da Associação Internacional da Imprensa Esportiva, Gianna Merlo, disse que a experiência de organizar o congresso em Pequim o deixou mais otimista em relação ao ambiente para reportagem na China. Ele acrescentou que a cobertura da tragédia do terremoto se comprovará um divisor de águas na relação entre as autoridades locais e a imprensa estrangeira. "O terremoto mudou tudo e colocou [o governo] diante de uma nova realidade. Será difícil recuar", afirmou.

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