Ivan Bulaja, o técnico croata da equipe de iatismo austríaca da classe 49er, está começando a compreender isso. Ele disse que seus iatistas perdem valiosos dias de treino depois de ficar doentes com vômitos e diarreia.
"Esta é de longe a pior qualidade de água que já vimos em toda a nossa carreira no iatismo", disse Bulaja.
Treinando no início deste mês na Baía de Guanabara, o velejador austríaco David Hussl conta que ele e seus colegas de equipe tomam precauções, como lavar o rosto imediatamente com água mineral quando se molham com as ondas e tomar banho assim que retornam à terra. No entanto, Hussl disse que adoeceu várias vezes.
"Tive febre e problemas de estômago", disse ele. "É sempre um dia totalmente na cama e, depois, mais uns dois ou três dias sem velejar."
É um risco enorme para os atletas, disse o técnico. "A gente vive por uma medalha olímpica", disse Bulaja, "e pode realmente acontecer de ficar doente alguns dias antes da prova e não conseguir competir."
O Dr. Alberto Chebabo, que chefia o Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, disse que o esgoto puro é causa de problemas de saúde pública "endêmicos" entre os brasileiros, principalmente diarreia infecciosa em crianças.
Quando chegam à adolescência, disse ele, as pessoas no Rio já foram tão expostas aos vírus que desenvolvem anticorpos. Mas os atletas e turistas estrangeiros não terão essa proteção. "Alguém que não foi exposto a essa falta de saneamento e vai a uma praia poluída corre, obviamente, um risco muito mais alto de ser infectado", disse Chebabo.
Estima-se que 60 por cento dos brasileiros adultos tenham sido expostos à hepatite A, segundo o hepatologista Dr. Terra. Os médicos insistem que estrangeiros que vierem ao Rio, sejam atletas ou turistas, vacinem-se contra hepatite A. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos também recomendam que os viajantes ao Brasil sejam vacinados para febre tifoide.
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