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Uma nova lenda olímpica começa a surgir: Simone Biles

A americana dominou três dos quatro aparelhos individuais

Por Nathalia Garcia
Atualização:

Foco, atitude, precisão e talento. A combinação desses quatro elementos deu a Simone Biles a chance de protagonizar os Jogos Olímpicos do Rio e fez o mundo acreditar que será só questão de tempo para ela se tornar uma lenda da ginástica artística. Depois de liderar os EUA na conquista do ouro por equipes, a ginasta de 19 anos pôde brilhar sozinha. A americana dominou três dos quatro aparelhos – exceto pelas barras assimétricas – e assumiu o posto de ginasta mais completa do mundo pelos próximos quatro anos.

Ontem, com a somatória 62,198, ela faturou a medalha de ouro na Arena Olímpica do Rio. A compatriota Alexandra (Aly) Raisman (60,098) garantiu a prata e a russa Aliya Mustafina (58,665) completou o pódio. Humilde, Biles disse que ficou tão feliz pela prata da amiga quanto por sua medalha. “Senti como se nós duas tivéssemos conquistado o ouro naquele momento”, afirmou.

Movimentos firmes, que levam o corpo ao máximo grau de flexibilidade, resultam em uma apresentação plástica e encantadora. Foto: AFP

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A vitória inédita é motivo de orgulho para ela. “Estou muito empolgada e aliviada, eu finalmente consegui. Você não conhece esse sentimento até ele te atingir e tudo me atingiu de uma vez só naquele momento. Vinha sonhando com isso há dois anos. É surreal”, festejou, sem conter o choro emocionado ao ver seu nome à frente de todas as outras atletas.

No Rio, Simone Biles disputa a sua primeira Olimpíada da carreira. A estreia só não ocorreu há quatro anos, nos Jogos de Londres, porque ela ainda não tinha completado 16 anos, idade mínima exigida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG). Em 2012, ela acompanhou suas compatriotas em um telão dentro de seu centro de treinamento em Columbus e persistiu no sonho. Ela tem levado seu talento de Spring (Texas), onde mora atualmente, ao mundo. E ainda pode conquistar três medalhas nas finais por aparelhos: salto, solo e trave. E tudo leva a crer que serão douradas.

O ouro também confirmou uma escrita que vem se mantendo desde 2013. A americana é a primeira ginasta a conquistar três Mundiais consecutivos. Além disso, coleciona 14 medalhas nessas competições – dez ouros, duas pratas e dois bronzes. Seus feitos nos ginásios ao redor do mundo fazem com que ela seja chamada por muitos de novo Michael Phelps – o astro da natação, que continua fazendo história nos Jogos do Rio, é o maior medalhista olímpico de todos os tempos.

Simone até teve uma foto ao lado do nadador divulgada pelo Comitê Olímpicos dos Estados Unidos. Se somar as conquistas dos dois americanos, dá mais medalhas que alguns países inteiros. Contudo, a ginasta descarta comparações com os maiores nomes do esporte na atualidade. “Não sou a próxima Usain Bolt ou a próxima Michael Phelps. Sou a primeira Simone Biles”, declarou, com a autoridade de uma jovem quem se mostra imbatível.

A americana pode deixar o Rio com cinco medalhas de ouro em sua coleção, feito que seria inédito na história dos Jogos. Ela não conseguiu se classificar apenas para a final das barras assimétricas. Caso ganhe os cinco títulos, Simone irá ultrapassar as conquistas de quatro ouros em uma mesma edição de Olimpíada conseguidos pela soviética Larissa Latynina (1956), a checoslovaca Vera Caslavska (1968) e a romena Ecaterina Szabo (1984).

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Ontem, seu show foi acompanhado por um público entusiasmado na Arena Rio. A família estava presente – os pais Ron e Nellie, e os meio-irmãos Ron Jr. e Adam. Alguns estranharam o fato de, no primeiro aparelho, o salto, Simone parecer nervosa. Ela conseguiu “apenas” nota 15,866, mais baixa do que na classificatória.

Nas barras paralelas assimétricas, Simone demonstrou seu ponto fraco. A nota 14,966 permitiu que a russa Aliya Mustafina assumisse a ponta provisória depois de obter 15,666. Foi o único aparelho que a americana parou na fase classificatória e não disputará a final.

Mas a talentosa ginasta americana retomou o controle no terceiro aparelho. A nota 15,433 na trave recolocou Simone Biles na ponta da classificação geral. Sua adversária não ofereceu resistência e recebeu apenas 13,866. Insatisfeita com o resultado, solicitou a revisão da nota e teve o pedido negado.

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O último ato de Simone Biles empolgou a plateia. A nota 15,933 abrilhantou a sua vitória. E as lágrimas em seu rosto mostraram a importância da conquista dessa gigante de 1,45 m de altura. “Eu sabia que era capaz de conseguir, mas tudo depende de como controlar os nervos na hora. Eu coloco mais pressão em mim do que qualquer um. Fiquei aliviada, porque estava lutando para fazer meu trabalho. Sabia que se fizesse o que faço no treino seria bom. Só fui lá e me diverti, como normalmente faço.”

Ficar atrás de Biles é uma honra para a companheira de equipe, Aly Raisman. Já a brasileira Rebeca Andrade resume bem sua impressão sobre a ginasta americana: “Ela é incrível.”