Victoria Lovelady dá suas tacadas movida ao som do violão

Golfista brasileira luta para ir aos Jogos Olímpicos do Rio em um esporte que volta à competição após 112 anos de ausência

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Por Paulo Favero
3 min de leitura

Depois de 112 anos o golfe volta ao programa olímpico e o Brasil tenta conquistar quatro vagas – duas já estão garantidas por ser país-sede, uma no masculino e outra no feminino. Quem está na disputa é Victoria Alimonda Lovelady, que está bem perto da zona de classificação para os Jogos do Rio. "Para que duas atletas do Brasil entrem, temos de subir 20 ou 30 posições, e isso é possível fazer em apenas um torneio. No ano passado subi 400 posições e o objetivo até julho é subir 150 posições, para passar o corte do ranking e também pensando na minha carreira", conta.

A atleta de 28 anos é 493ª do mundo e está atrás de outra brasileira, Mirian Nagl, que é 479ª e no ranking olímpico ocupa a 60ª e última posição. "A corrida olímpica está super positiva, não só para o meu lado mas também para o Brasil. A Mirian me passou no começo do ano, mas quero voltar a ser a brasileira mais bem colocada e ir além do nível de corte, para me classificar por mérito e não por convite de país-sede", diz, lembrando que se as duas melhorarem um pouco, ambas vão para os Jogos.

Por influência do pai, Victoria começou a jogar golfe aos 12 anos, depois de ter praticado handebol e futebol. "Sempre fui competitiva", confessa. Quatro anos depois ela percebeu que gostaria de ser atleta profissional e se comprometeu com isso. Então, foi para os Estados Unidos, jogava e estudava, enquanto morava com sua madrinha na Califórnia. "Foi um sacrifício, fiquei lá de 2003 a 2010, longe da família, da cultura do meu país, da minha língua, mas a paixão pelo golfe me ajudou a superar todos esses obstáculos."

Victoria Lovelady em ação no evento-teste no Rio Foto: Zeca Resendes/CBG

Quando Victoria ficou sabendo que o golfe voltaria ao programa olímpico, após sua última aparição nos Jogos de 1904, em Saint Louis, nos EUA, a motivação para praticar a modalidade falou mais alto ainda. "Isso me fez querer virar profissional. Vi que era uma linda oportunidade de estar jogando o meu esporte no meu país, depois de tantos anos de ausência do golfe na Olimpíada. Estar lá é uma meta que tenho levado comigo nos últimos oito anos, diariamente. Estou chegando cada vez mais perto desse objetivo ser realizado."

A fim de conquistar os pontos que faltam para carimbar sua vaga, Victoria vem se preparando com afinco. Ela explica que no começo da temporada faz preparação para ganhar músculo e força, depois faz coisas mais sutis para manter o corpo, como pilates. De dezembro a janeiro, ela trabalha muito a parte técnica, com repetições do movimento. "O golfe tem muita torção e giro do quadril e ombros, é um movimento antinatural. Tem de se condicionar para não se machucar. Com o Tiger Woods virou um esporte mais atlético", explica.

Mente sã. Uma das coisas mais importantes no golfe é a concentração durante as partidas. Em um dia de competição, o atleta chega a ficar sete horas na disputa. "A mente tem de estar mais descansada que o corpo. Envolve boas horas de sono e alimentação saudável", conta a atleta.

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Uma das coisas que ajuda Victoria a relaxar é a música. Neta de Heitor Alimonda, um mestre do piano, ela desde cedo teve contato com os instrumentos musicais. "Comecei no piano, por causa do histórico da nossa família na música clássica, mas aos 13 anos comecei a tocar violão, ficava horas no quarto tocando MPB. Comecei a compor e isso é uma coisa que foi muito importante na minha vida, traz um equilíbrio emocional, ajuda na parte criativa”, revela. Ela, inclusive, pensa em fazer algo ligado à música quando sua carreira no golfe chegar ao fim. “Tive uma oportunidade legal de tocar em uma competição na China, tinha umas 500 pessoas, foi no palco, foi bem legal."

Foi por causa do marido que ela abriu mão de usar o sobrenome Alimonda e passou a adotar o Lovelady dele. Tanto que acabou virando uma marca, que provoca reações das mais diversas. "É um sobrenome engraçadíssimo, que todas as culturas entendem. Até na China o pessoal brinca, faz graça. Tem piadinhas, falam ‘Dama do Amor’, mas é bom que a galera lembra, cria uma certa aproximação e é bom pois adoro interagir com o público. Só trouxe coisa boa para minha vida", conclui.