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‘Estamos conquistando o nosso espaço’, diz Jéssica Andrade

Atleta acredita que o MMA feminino evoluiu o nível e cresceu

Por Andreza Galdeano
Atualização:

Se algum dia foi difícil imaginar que as mulheres poderiam encontrar espaço para se destacar no MMA, hoje acabaram as dúvidas. Elas ganharam notoriedade no mundo da luta e seguem em ritmo de crescimento. Uma das principais brasileiras no UFC e atual número quatro no ranking peso palha do Ultimate, Jéssica Andrade defende a categoria.

Jéssica Andrade acredita que ainda existe muito preconceito no MMA feminino Foto: Laboratório da Luta/Divulgação

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Você chegou a imaginar que a categoria feminina chegaria no mesmo nível da masculina?

Quando eu comecei, quase não tinham meninas. Em todos os campeonatos. Nas lutas de MMA no Brasil, era muito difícil encontrar garotas para lutar, ou até mesmo achar alguém do seu peso. A escolha era casar lutas acima ou muito abaixo. Hoje eu vejo que o MMA feminino evoluiu o nível e cresceu. Temos uma grande divulgação e também estamos conquistando o nosso espaço e mostrando um bom trabalho.

Esse crescimento incentiva outras mulheres?

Acho que esses resultados acabam incentivando ainda mais todas aquelas que buscam a luta como profissão. No final, a gente se dá muito bem nisso. Eu costumo falar que entramos no octógono como se fôssemos a mulher traída. Queremos bater na outra pessoa não importa o que aconteça, e isso funciona.

No seu ponto de vista, por que a categoria cresceu tanto nos últimos anos?

É muito legal ver que as mulheres conseguem mostrar para todos que têm garra, força de vontade e determinação de chegar em qualquer profissão e fazer um bom trabalho. Acho que é por isso que tem crescido tanto.

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O preconceito diminuiu?

Acho que o preconceito nunca vai deixar de existir. Ainda surgem muitas pessoas que julgam, gostam de dizer que toda mulher que luta é homossexual. A realidade não é essa, hoje mesmo as mulheres buscam a luta como profissão. Não é porque ela gosta de lutar ou gosta de um esporte diferente que ela é homossexual. Podemos ver que estamos conquistando esse espaço e sempre vai existir alguém para falar alguma besteira, por exemplo, mulher tem que estar em casa cozinhando, lugar de mulher não é lutando. Mas, para quem fala isso, eu tenho certeza que é porque tem muito medo da gente.

Além das críticas sobre o gênero, existem outras barreiras?

Tem o preconceito de dizer que a mulher ganha menos que o homem. No MMA, principalmente no UFC, é o único trabalho que paga igualmente o homem e a mulher. Existe um sistema de pagamento. Se você vence a luta, sua bolsa sobe; se você não vence, ela continua do mesmo jeito. É assim para todos.

Como você enxerga as características femininas no universo da luta?

Temos um estilo de luta muito agressivo, que vai para a frente. A maioria das mulheres é muito técnica. Aquelas que não são técnicas têm um ponto forte e usam bem isso, sem medo de ir para cima. Acho que hoje em dia a luta feminina é sempre uma das mais esperadas.

Saber que você se tornou a inspiração de muitas mulheres é uma grande responsabilidade?

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Com certeza. É muito bom enxergar isso, ver que você serve de exemplo e que existem pessoas querendo ser como você. Alguns ficam com medo de buscar os seus sonhos, mas, se uma garota que veio da roça, era tratorista e chegou até a trabalhar de moto táxi conseguiu, qualquer um consegue, basta querer. Esse exemplo não serve só para o universo da luta.

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