'Jarrell Miller voltará à sua irrelevância', afirma Anthony Joshua
Peso-pesado britânico acelera ritmo de treino para sua primeira luta fora do Reino Unido, em junho, contra falastrão dos EUA
Entrevista com
Anthony Joshua, boxeador britânico
Entrevista com
Anthony Joshua, boxeador britânico
27 de fevereiro de 2019 | 04h35
No dividido mundo do boxe moderno, Anthony Joshua tornou-se um lutador raro: um campeão peso-pesado detentor de três dos quatro principais cinturões.
No Reino Unido, seu país de origem, ele é um herói do esporte. Com 22 lutas, nenhuma derrota e 21 nocautes, incluindo uma vitória sobre Wladimir Klitschko, por muito tempo campeão mundial dos pesos-pesados, Joshua, de 29 anos, parece destinado ao estrelato.
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Ele vai lutar nos Estados Unidos no dia 1º de junho, no Madison Square Garden, contra Jarrell Miller, um arrogante nativo do Brooklyn e azarão na cotação de 5 por 1. "Dizem que sou o azarão, mas tudo bem", afirmou Miller, de 30 anos.
O único dos grandes cinturões que Joshua não conquistou é o do Conselho Mundial de boxe, que permanece nas mãos do norte-americano Deontay Wilder, que está invicto. Ambos se culpam por ainda não terem disputado uma luta pela unificação dos quatro cinturões - Wilder está absorto em uma possível revanche com Tyson Fury, com quem empatou em dezembro.
Uma luta Joshua-Wilder, caso ocorra, ressuscitará uma antiga divisão na categoria peso-pesado do boxe. Confira entrevista com Anthony Joshua.
Seu oponente, Jarrell Miller, é um cara bem grande...
Todos eles são.
Mas ele tem mais de 130 quilos (Joshua tem 113). Você precisará de alguma estratégia para enfrentar alguém assim grande?
Nocauteá-lo. O boxe não tem complicações. Basta derrubar o adversário. Ele começa a luta com o moral em 100% - e aí você vai baixando para 80, 60, 40, 20%. Então, se ele ainda estiver lá, depende de quanto mais ele vai aguentar. Ele é um cara grande, o que faz dele também um alvo grande.
Ele tem a língua afiada...
Sim, mas isso é só pressão verbal. A minha é física.
Você se irrita com provocação?
Em 2 de junho, ele estará de volta à sua irrelevância. Logo, ele já é irrelevante pelas próximas 14 semanas. Depois, vou começar a pensar em Wilder, Fury ou Luis Ortiz.
Uma luta Wilder-Joshua é o sonho para muitos fãs do boxe. Você acredita que ela possa ocorrer em breve?
Sim. A bola está com Wilder. Quando ele parar de me ignorar saberá onde me encontrar.
Qual é seu melhor golpe?
Nocauteei alguns adversários com uppercut. Dillian Whyte é um bom exemplo. Golpeei Dominic Breazele no segundo round com um belo uppercut. Poderia ter acabado com ele. Para Klitschko, o upercut foi o início do fim...
Qual foi sua luta mais dura?
Foi com Klitschko.
No quinto round, você o considerou derrotado, mas ele se recuperou...
Eu me lembro de que vinha nocauteando todo mundo em três ou quatro rounds. Não tinha dúvidas de que Klitschko também seria derrotado. Assim, quando eu o derrubei no quinto, achei que ele fosse como os outros. Mas descobri que Klitschko era um pouquinho diferente. Ele reagiu duramente. Klitschko vem da União Soviética, acostumado a comprar apenas uma garrafa de água, uma esferográfica, um chocolate, um pão. No ringue, você é exatamente quem você é. E ele é um cara duro. Foi um belo pega, uma bela luta.
Lutar pela primeira vez fora de casa está afetando você?
Sim. Há pugilistas históricos que sofreram sua primeira derrota ao lutar fora de casa. É a razão de estarmos fazendo cinco semanas de treinamento, em lugar de duas ou três.
Em seu site, você lista seus pugilistas favoritos. Há lições ou táticas que você tira deles?
Evander Holyfield era bom. Ele atacava com a direita. Sugar Ray Robinson tinha muita classe ao trabalhar com os pés. Jack Johnson simplesmente dominava. Mike Tyson era uma máquina. Ele esteve preso e foi treinado para ser o melhor lutador do mundo.
Qual você espera que seja seu legado para o boxe?
Não quero ter ódio de nenhum peso-pesado que venha a se destacar. Desejo acompanhar suas carreiras sem amargura. Espero que batam minhas conquistas, que sejam melhores do que fui. Eu amo o boxe.
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