UFC abre guerra contra o doping após caso de Anderson Silva

Dirigentes defendem pena de 2 a 4 anos para atletas flagrados com substâncias ilegais: 'vão pensar bastante se vale a pena o risco'

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Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

O UFC abriu guerra contra o doping. A direção da principal entidade de lutas de MMA (sigla em inglês para mistura de artes marciais) apresentou nesta quarta-feira, em Las Vegas, um plano de ação contra o uso de substâncias proibidas por seus lutadores nos eventos espalhados por todo o mundo, que terá início a partir de 1.º de julho.

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A ação foi tomada devido aos recentes casos de Jon Jones e Anderson Silva, dois dos principais atletas da modalidade, que foram flagrados em exames este ano. "O doping de Anderson Silva foi um marco no controle antidoping. Todos ficamos muito chocados", disse Dana White, presidente do UFC.

A principal alteração apresentada pelos diretores do UFC pode causar o fim da carreira de Anderson Silva. Lorenzo Fertitta, diretor-geral do UFC, defende que a pena para casos de doping para melhorar o desempenho deve ser de dois a quatro anos, seguindo as normas das principais ligas norte-americanas e do Comitê Olímpico Internacional.

"Assim o lutador vai pensar bastante se vale a pena correr o risco de usar a droga e encerrar sua carreira precocemente", afirmou Dana White, presidente do UFC, que fez uma comparação com o beisebol. "Eles também atacaram rapidamente o doping. E um detalhe: lá eles batem com um taco na bola. Quem se importa?", analisou fazendo uma analogia com o MMA, onde um lutador "dopado" pode machucar um lutador "limpo".

Os diretores do UFC, entretanto, afirmaram que vão aguardar o julgamento a que Anderson será submetido em março na Comissão Atlética do Estado de Nevada. "Trata-se de um processo longo. O Anderson vai ter o direito de se defender e temos de esperar a conclusão do processo", afirmou Fertitta.

Por ser réu primário, Anderson poderia sofrer uma punição de apenas nove meses, mas o brasileiro foi pego duas vezes. Na primeira, em 9 de janeiro, foi apontado o uso de esteroides anabolizantes. Já no dia da luta contra Nick Diaz, dia 31, o exame do ex-campeão mundial dos médios, além dos anabolizantes, também apontou a presença de substâncias para conter a ansiedade e combater a insônia. Anderson venceu o combate por pontos mas, por causa do doping, sua vitória foi anulada.

MAIS EXAMES

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Além do aumento das penalidades, o UFC também vai aumentar a quantidade de exames a serem feitos de surpresa e nos dias das competições. "O UFC não é imune às drogas que melhoram o desempenho", disse Fertitta. Nos 79 eventos realizados em 2013 e 2014, a entidade gastou US$ 500 mil para analisar exames de sangue e de urina em seus 585 atletas registrados. "Não sabemos o valor, mas é certo que teremos um gasto muito maior. Não importa quanto será investido, o importante é garantir a credibilidade do esporte e mantê-lo limpo", continuou o diretor-geral.

Nos dois últimos anos, segundo documento apresentado pelo UFC, 900 exames foram feitos durante as competições e outros 1.800 realizados de surpresa. Apenas dez atletas deram positivo (1,1%) para drogas recreativas (maconha, cocaína) e 12 (1,3%) para drogas que melhoram o desempenho do lutador (como esteroides anabolizantes).

Fertitta garantiu que a partir de 1.º de julho todos os atletas de todos os eventos deverão ser submetidos a exames. O controle será feito por organizadores independentes. Para pagar os gastos, o UFC busca um patrocinador que, segundo os dirigentes, já está sendo negociado e perto de um acordo.

Por falar em patrocinadores, Dana White afirmou que os recentes casos de doping não afetaram o relacionamento da entidade com seus investidores.

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