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Beach tennis se profissionaliza e Brasil se torna epicentro mundial da modalidade

Participação de brasileiros no ranking mundial subiu de 15,52% do total em janeiro para 20,84% em abril no masculino; mulheres foram 13,03% para 18,33% no mesmo período; torneios pagam até R$ 300 mil de premiação. Rafael Moura entrou nessa onda

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Era dezembro de 2014. A convite de uma amiga, Rafaella Miiller jogou pela primeira vez uma partida de beach tennis. Como tinha facilidade com raquetes e bolinhas, por ter jogado tênis na adolescência, a adaptação foi rápida. E vitoriosa. Menos de dois anos depois, já era campeã mundial. Hoje, número 3 do mundo, ela é uma das protagonistas do processo de profissionalização pela qual passa a modalidade no Brasil.

Rafa Miiller, como é mais conhecida, já vive de beach tennis. Sua busca no momento é por atuar somente como jogadora. “É uma luta constante para conseguir patrocínio. Mas consegui neste ano mais apoio de empresas e pessoas que abraçaram a nossa causa. Não consigo viver ainda de ser apenas atleta. Preciso dar aulas ou participar de clínicas do esporte. Mas acredito que estamos no caminho certo”, disse a jogadora ao Estadão.

Rafael Moura, que ainda não se aposentou do futebol, ao lado de Rafaella Miiller, número 3 do mundo no feminino de beach tennis Foto: Wilton Junior / Estadão

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A brasileira de 28 anos surfa a onda da modalidade no Brasil. O beach tennis tem aproveitado a alta popularidade nos últimos anos para se profissionalizar. Dados da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) mostram como amadores estão começando a ganhar a vida no circuito profissional, organizado pela Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês).

Somente neste ano houve um crescimento de 12% na presença de brasileiros no ranking da ITF. Em 31 de janeiro deste ano, havia 537 praticantes de beach tennis na lista. Em 18 de abril, esse número subiu para 602, sendo 358 homens e 244 mulheres que disputam torneios internacionais. Se considerar aqueles que competem em nível estadual ou nacional, a cifra sobe para quase 2 mil.

É possível constatar a maior demanda pela profissionalização analisando também a proporção de brasileiros no ranking. No fim de janeiro, os atletas do Brasil correspondiam a 15,52% do total de esportistas masculinos presentes na lista. Em abril, subiu para 20,84%. No feminino, era 13,03%, passando agora para 18,33%. A CBT estima que o Brasil tenha atualmente 600 mil praticantes, a grande maioria amadores. O boom tem atraído a atenção de patrocinadores, que estão investindo em torneios para amadores e profissionais.

“Este ano parece um divisor de águas. Até estou estranhando a quantidade de torneios que temos nesta temporada. Não estava acostumada. Precisamos escolher os torneios que vamos disputar porque não tem condições de ir em todos. Acredito que está sendo um ano muito bom para o beach tennis, de muita visibilidade. E só tem a crescer”, aposta Rafa Miiller, que liderava o ranking mundial até semana passada.

 A avaliação não é isolada. “Praticamente 90% dos torneios de beach tennis do mundo estão no Brasil”, diz Michelle Cappelletti, filho de um dos pioneiros da modalidade na Itália, berço do esporte no mundo. Atual número 3 do ranking, o tetracampeão mundial aponta o Brasil como o epicentro do beach tennis no planeta. “Aqui temos muito mais oportunidades para obter patrocinadores e sermos mais valorizados. O beach tennis é o Brasil neste momento. Temos de surfar a onda. E o momento certo é aqui. Na Europa, a modalidade vive uma situação bem diferente. Infelizmente, na Itália, o beach tennis está sobrevivendo, mas não está crescendo. Para um profissional como eu, isso não é motivador.”

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Não por acaso ele decidiu fixar residência no Brasil, a partir de outubro. E avisa que é só o primeiro de muitos europeus da elite do esporte que estão vindo morar aqui. “Se você quer se tornar um jogador profissional de beach tennis, é quase obrigatório morar no Brasil. Os melhores do masculino e do feminino vão vir para cá porque é mais conveniente sob todos os pontos de vista.”

No último fim de semana, tanto Rafa quanto Cappelletti participaram do Follow the Beach Copacabana, considerado um dos três maiores torneios do mundo e que integra o circuito brasileiro. A competição teve premiação total de R$ 300 mil. Nos torneios do circuito internacional, as premiações variam de US$ 35 mil a US$ 100 mil (cerca de RS 465 mil). Há expectativa para que competição com este valor mais alto faça sua estreia no Brasil neste ano. Via de regra, os campeões levam 10% do valor total do prêmio.

O Brasil está entre os país com mais representantes no ranking mundial de beach tennis Foto: Wilton Junior / Estadao

RAFAEL MOURA ENTROU NESSA

O evento em Copacabana também teve a presença de Rafael Moura, jogador de futebol ainda em atividade. Sem renovar com o Botafogo, o atacante admite que seu futuro está na modalidade. “Muito provavelmente a areia e o beach tennis serão o meu futuro profissional”, disse ao Estadão o ex-jogador de Corinthians, Internacional, Fluminense e Atlético-MG. “He-Man”, como é conhecido, já disputou torneios de nível ITF. Em 2021, ainda como jogador do Botafogo, conseguia conciliar o beach tennis com o futebol porque os torneios na areia geralmente são disputados aos domingos, dia que não costuma ter muitos jogos da Série B.

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Aos 38 anos, o atacante conheceu a modalidade em 2013. “Fui picado pelo beach tennis de uma forma apaixonante. Construí uma quadra em casa e comprei raquetes para todo mundo para poder jogar com a família e os amigos.”

Questionados sobre o futuro da modalidade, Rafa Miiller, Cappelletti e Rafael Moura são unânimes em afirmar que o beach tennis não é moda passageira no Brasil. “É um estilo de vida, é o que está acontecendo agora no Brasil. É um esporte acessível, democrático e é disputado na praia. O brasileiro adora praia”, diz Cappelletti.

 Para Rafael Moura, há potencial para crescimento também porque já existe uma movimentação nos bastidores para tentar transformar a modalidade em esporte olímpico num futuro a médio prazo. “É um esporte que todos podem praticar, sem fazer uma aula sequer, seja uma criança ou um idoso. Avô e neto podem jogar juntos. Tem tudo para crescer.”

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