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'Big 3' se enfrenta em Roland Garros com motivações diferentes

Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer têm confronto quase garantido a caminho da final masculina do Aberto da França

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Por Matthew Futterman
Atualização:

Um deles foca nos números, esperando que eles representem a validação que sempre almejou. O outro veio para mostrar em quadra o que o transforma em uma apoteose do esporte, e para proteger este lugar como seu reino pessoal. O terceiro anseia pelo que ainda possa ganhar e se prepara para o que venha a seguir. O "Big 3" do tênis masculino - Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer - está reunido para jogar um Grand Slam pela primeira vez depois de 18 meses.

Por uma peculiaridade no sistema de distribuição de chaves do esporte, os três caíram no mesmo lado na lista de confrontos. Djokovic pode enfrentar Federer nas quartas de final e Nadal na semifinal. Eles estão ficando mais velhos e não podem perder tempo. Djokovic e Nadal estão com 34 anos, e Federer, com 39, está se recuperando de uma cirurgia no joelho. E talvez restem apenas mais alguns Slams como esse.

Rafael Nadal já conquistou 13 título em Roland Garros Foto: Martin Bureau/AFP

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Durante anos, eles foram abençoados com dons divinos no tênis, tão formidáveis por tanto tempo que os oponentes podem sentir que estão perdendo um set antes mesmo de o primeiro ponto ser disputado. Tem sido difícil para os jogadores mais fracos imaginarem a si mesmos vencendo-os, e ainda mais conseguir essa façanha.

Eles ainda amam competir, amam vencer de verdade (embora Federer tenha vencido apenas uma vez em todo o ano) e abraçam a fama global que veio ao se tornarem superestrelas do tênis. Qualquer debate em relação a quem terminará sua carreira com o maior número de títulos de Grand Slam e qual deles tem o direito de reivindicar ser o maior rapidamente se mostra reducionista.

No entanto, eles divergem em vários pontos quando a conversa muda para o que leva cada um deles a continuar jogando mesmo depois de terem ganhado centenas de milhões de dólares e garantido a reputação deles na história do esporte. E esses caras de 30 e poucos anos já passaram da data de validade dos grandes jogadores de todas as épocas que os precederam.

Mas neste momento singular de suas carreiras - com Federer e Nadal empatados com 20 vitórias no Grand Slam e Djokovic logo atrás, com 18 - apenas Djokovic está tão focado nos números. Ele, que aos olhos da maioria dos especialistas provavelmente terminará vencendo, não deixa dúvidas de que a busca pela supremacia no placar o motiva.

Novak Djokovic em ação contra o espanhol Alejandro Davidovich Fokina Foto: Filippo Monteforte / AFP

“Se eu penso em ganhar mais Slams e quebrar recordes, é claro, claro que sim”, disse Djokovic em fevereiro, após derrotar Daniil Medvedev na final do Aberto da Austrália.“E a maior parte da minha atenção e energia deste dia em diante, até me aposentar do tênis, será direcionada para os principais torneios, tentando ganhar mais troféus importantes.”

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Isso soou muito diferente do que Nadal mencionou como suas motivações no início da semana. Porém, Nadal deu espaço para essa possibilidade, sim, ele quer vencer as partidas do Grand Slam. Depois de ser 13 vezes campeão de Roland Garros, ele é sempre o favorito aqui no saibro, mas não em qualquer outro lugar, o que pode ser parte do motivo pelo qual ele disse que ganhar mais Slams do que seus rivais não é tão importante. Ambição demais, disse ele, pode deixá-lo frustrado quando as coisas não acontecem do jeito que ele deseja.

“Para mim, o principal é voltar para casa com a satisfação pessoal de ter dado tudo de mim”, disse. “Isso é o que me dá felicidade e me faz manter a calma.”

A temporada do Grand Slam de tênis fez uma longa pausa entre o final do Aberto da Austrália e o início do Aberto da França, que começou no domingo. A pausa pareceu ainda mais longa neste ano, com o "Big 3" deixando de participar de uma série de torneios importantes para tratar lesões ou evitar viagens internacionais durante a pandemia.

Mais uma vez, a arena no parque a oeste da Torre Eiffel se tornará o campo de batalha deles. Enquanto se preparavam para Paris, cada um se manteve fiel ao seu estilo.

Roger Federer devolve bola em partida contra Casper Ruud Foto: Pavel Golovkin/AP

Em 18 de maio, Federer sofreu uma dura derrota para Pablo Andujar, da Espanha, número 75 do ranking mundial, em sua primeira partida no Aberto de Genebra. Ele tentou diminuir as expectativas e falou de Wimbledon, onde já venceu oito vezes e continuará sendo uma divindade, mesmo que não ganhe mais uma vez.

Roland Garros não é o objetivo. O objetivo é a grama

Roger Federer, tenista suíço

Nadal continuou a se concentrar em seu processo e esforço porque vencer é menos previsível. Depois de despachar Djokovic em Roma, Nadal falou em trazer paixão e esforço para a quadra em cada partida. Em Paris, na sexta-feira, ele se concentrou em seu oponente da primeira rodada, o jovem australiano Alexei Popyrin, ao invés de sua estátua que os organizadores do torneio haviam revelado. “Cada rodada é difícil”, disse ele.

E então havia Djokovic, falando alto, em busca de outro troféu, depois rapidamente se esquivando, tentando não parecer muito obcecado. “Acho que tenho uma boa chance de ir até a final em Paris”, disse ele. Em seguida, percebendo o que isso significava, acrescentou: "Mas, claro, isso é um tiro no escuro." / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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