Publicidade

Brasileiros foram alvo de tentativa de suborno, diz revista

Flávio Saretta levaria R$ 260 mil se aceitasse abandonar um jogo em Roland Garros, no ano passado

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Escândalos envolvendo mafiosos e jogadores deixaram de ser um privilegio do futebol, e já faz algum tempo. Agora, a 'lama' atingiu as quadras de tênis. "Todos sabem que existem casos de partidas arranjadas", comentou o escocês Andy Murray, no início do mês, logo após o número 4 do ranking, o russo Nikolay Davydenko, ter abandonado a partida contra o argentino Martin Vassalo Arguello (85.º no ranking), em um torneio na Polônia, em agosto. Veja também:Davydenko é multado por falta de 'empenho' Em entrevista a revista IstoÉ, o número 1 do ranking nacional, Flávio Saretta, contou que também já sofreu pressão para 'amolecer'. "Já tentaram me aliciar várias vezes", disse o tenista. "Uma vez, um cara, falando inglês, me procurou e ofereceu 100 mil euros (R$ 256 mil) para perder um jogo." A partida era contra o italiano Potito Starace, 77.º no ranking na época, válida pela segunda rodada do torneio de Roland Garros, na França, em 2006. Saretta, então 89.º, recusou e venceu o oponente por 3 sets a 2. Saretta não foi o único a sofrer com este tipo de proposta, ainda segundo a IstoÉ. O tenista número 2 do Brasil, Marcos Daniel também foi 'convidado' a entregar uma partida no torneio de Acapulco, no México, no ano passado. "Em espanhol, um cara me ofereceu US$ 20 mil para entregar a partida para o Nicolas Massu", conta o atleta, 88.º no ranking, na época. Daniel não aceitou a proposta e desligou o telefone. Após a partida, vencida pelo brasileiro, checou os recados na secretaria eletrônica e viu que o sujeito havia ligado outras seis vezes. "Olha, você pode ganhar uma boa grana", contou o tenista, sobre um destes recados. Apesar de não admitir publicamente que exista de corrupção no esporte, a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) colocou 140 jogos sob suspeita e convocou um ex-apostador russo para dar palestra aos tenistas, no masters series de Miami, este ano. "No Leste Europeu a aposta rola solta", disse Saretta. As histórias sobre suspeitas de suborno não são novas. Em 2003, os negociadores de uma casa de apostas suspenderam as atividades para o jogo entre outro russo, Yevgeny Kafelnikov (então número 1), e o espanhol Fernando Vicente, depois que uma grande aposta foi registrada em favor do 'azarão'. Vindo de uma seqüência de resultados ruins, o espanhol acabou vencendo aquele jogo. Kafelnikov era conhecido por disputar, e perder logo na primeira rodada, uma grande quantidade de torneios sem muita expressão. "Ele perdia na primeira rodada e passava a semana no hotel jogando golfe e gamão a dinheiro", revelou Paulo Cleto, "capitão" da equipe brasileira na Taça Davis durante 17 anos. Ex-jogador, Fernando Meligeni preferiu ser reticente. "O Kafelnikov perdeu para mim, em 1998, quando ele entrou em quadra falando ao telefone", conta. "Não boto a mão no fogo por ele, mas não quero acreditar que ele apostava. O cara podia desistir no meio do jogo para curtir o resto da semana." Kafelnikov abandonou as raquetes em 2003 e, ironicamente, virou jogador profissional de pôquer. Ao contrario do compatriota Davydenko, ele não está sendo investigado.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.