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Derrota na Davis revela fragilidade da equipe brasileira de tênis

Brasil é rebaixado depois de perder da Croácia em Florianópolis

Por Fábio Bispo
Atualização:

O fracasso em Florianópolis diante da Croácia pela repescagem da Copa Davis, por 3 a 1, rebaixou o Brasil mais uma vez para a segunda divisão da maior competição de tênis por equipes. A dificuldade de vencer em casa, onde jogava como favorito, revelou fragilidades da equipe, que desde a aposentadoria de Gustavo Kuerten, tricampeão em Roland Garros, não consegue uma atuação expressiva no esporte.

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O maior jogador brasileiro da atualidade, 30º no ranking ATP, o paulista Thomaz Bellucci, de 27 anos, sucumbiu diante do jovem Borna Coric. Bellucci tenta se manter no top 30 nos últimos três anos - em 2010 chegou em 21º -, mas as dificuldades físicas do atleta demonstram que o Brasil precisa de mais peso se quiser figurar na elite.

Único brasileiro a vencer em Florianópolis, no primeiro dia de confronto contra o desconhecido Mate Delic, 499º do mundo, Bellucci desistiu no quinto game do quarto set, depois das parciais 6/2, 4/6, 7/6 (7/4), a dois games de tomar um "pneu", expressão para o placar 6/0. "Não fazia mais sentido eu ficar no jogo, eu não consegui correr nas bolas. Lutei até onde foi possível", disse o brasileiro. 

Nos últimos anos o Brasil tem revelado timidamente novos jogadores. O gaúcho Orlando Luz, de 17 anos, é uma das apostas. Marcelo Melo, de 31 anos, também tem mostrado bom desempenho nas disputas de duplas, e este ano arrancou o primeiro Grand Slam de um brasileiro na categoria, ao lado do croata Ivan Dodig. João "Feijão" Souza, 27 anos, atual número 2 da equipe, faz uma boa temporada e está em 91 no ranking. 

"Não existe ainda um tênis brasileiro definido. É difícil um Orlandinho prevalecer, mas, de seis Orlandinhos, um ou dois vão prevalecer. Se tiver um só, a chance de ficar pelo caminho é maior. Porque o funil do juvenil para o profissional é assustador", declarou Guga, que acompanhou a derrota da equipe brasileira da arquibancada do Costão do Santinho.

Segundo o ex-tenista, "a realidade do Brasil ainda é essa, transitar entre repescagem e Grupo Mundial." Com seis jogadores entre os 300 melhores do mundo no ranking ATP, o Brasil aguarda agora o sorteio e quarta-feira (23), para saber o que esperar da próxima temporada. Se vencer o Zonal tem chances de disputar os playoffs pela Davis novamente em setembro de 2016.

"Temos que saber aprender com os erros que cometemos aqui (em Florianópolis), com as decisões que podemos tirar desse confronto, para ano que vem voltar para o grupo Mundial que é onde queremos ficar", disse o capitão da equipe, João Zwetsch.

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João "Feijão" Souza e os duplistas Marcelo Melo e Bruno Soares não conseguiram desenvolver bom jogo em Florianópolis. Feijão foi atropelado por Coric por 3 sets a 0, enquanto a dupla favorita perdeu a invencibilidade de cinco anos, para Ivan Dodig e Franko Skugor por 3 sets a 1. Os croatas desembarcaram em Florianópolis sem Marin Cilic, 14º do mundo, o que na teoria deixaria a competição mais equilibrada. Se fossem para o quinto ponto, os croatas tinha ainda a opção de colocar Dodig no lugar de Delic para disputa contra Feijão.

Dezembro marcará 15 anos desde que Gustavo Kuerten chegou ao topo do mundo. Desde a chamada "era Guga", o país não volta ao topo do ranking. Segundo o ex-tenista, é preciso mais compromisso na formação, principalmente de juvenis. "Eu nunca esperei que pudesse acontecer dessa forma, mas está claro para mim que ter sido o número 1 do mundo contribuiu imensamente, mas não foi o suficiente para transformar o tênis brasileiro. Acho que hoje, do lado de fora, com bastante disciplina, compromisso, e o projeto da Escolinha Guga, acho que existe potencial para daqui a dez, quinze anos, transformar a realidade do nosso tênis", finalizou.

Nos últimos dois ciclos olímpicos (2008/2016), a Confederação Brasileira de Tênis acumulou R$ 52 milhões em patrocínio dos Correios. No entanto, a última participação nos jogos Pan-Americanos de Toronto, a equipe voltou pra casa sem nenhum pódio, o que não ocorria em 32 anos, desde os jogos de Caracas, em 1983.

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