Guga vence com ?traços de Picasso?

"Com sua esquerda consegue desenhar com o traço de Picasso e coloca a bola onde quer, sempre em cima da linha," disse Kafelnikov após o jogo.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Com um jogo competente e golpes de esquerda de causar espanto e admiração, a ponto de merecer do próprio adversário a comparação aos traços de Picasso, Gustavo Kuerten derrotou mais uma vez o russo Yevgeny Kafelnikov por 3 set a 1, parciais de 6 /1, 3/6, 7/6 (7/3) e 6/4 e garantiu vaga nas semifinais. Guga agora só volta a jogar na sexta-feira e, assim como no ano passado, irá disputar uma vaga na final diante do espanhol Juan Carlos Ferrero. A atuação de Guga diante de Kafelnikov foi mesmo espantosa. Até mesmo o adversário, conhecido pelo sua cara fechada e de poucos amigos, demonstrou todo seu respeito ao brasileiro com uma declaração surpreendente. "É praticamente impossível vencer Guga em Roland Garros", afirmou Kafelnikov. " Com sua esquerda consegue desenhar com o traço de Picasso e coloca a bola onde quer, sempre em cima da linha." Sensibilizado com o elogio, Guga respondeu com bom humor. Disse que Kafelnikov certamente jamais o viu desenhar num papel, muito menos numa tela. Na quadra, porém, mostrou mesmo talento de grandes artistas. Para evitar surpresas ou sustos como na rodada anterior, em que quase foi eliminado pelo desconhecido norte-americano Michael Russel, Guga entrou na quadra determinado e em apenas 18 minutos ganhou o primeiro set por 6/1. No segundo manteve o nível de jogo, mas Kafelnikov também revelou seu bom tênis para vencer por 6/3. No terceiro, outra vitória importante de Guga que ganhou bem o tiebreaker com 7/6 (7/3), depois de ter saído de uma situação difícil, quando salvou cinco oportunidades de quebra de ser viço no 4 a 4. No quarto set, o brasileiro abriu uma vantagem de 4 a 2, mas Kafelnikov não perdeu as esperanças e esteve a um ponto de empatar por 4 a 4. Mas no final prevaleceu a maior regularidade de Guga para fechar o jogo por 6/4. "Entrar forte na partida desde o início foi mesmo uma tática que estabelecemos", contou Guga. "Foi como na primeira rodada contra o Guillermo Coria, com a diferença que numa quartas-de-final é bem mais difícil e não poderia dar qualquer esperança a Kafe lnikov, pois ele é o tipo de jogador que pode virar o jogo a qualquer momento." Coincidências - É curioso o número de coincidências que envolvem a campanha de Guga em Roland Garros 2001. Nos dois títulos conquistados, ano passado e em 1997, o brasileiro também passou por Yevgeny Kafelnikov nas quartas-de-final, e em 2000 ainda encon trou-se com Juan Carlos Ferrero numa das semifinais. Por mais incrível que pareça, Ivan lendl também foi tricampeão em Roland Garros, tendo derrotado nas três campanhas o equatoriano Andres Gomez nas quartas-de-final. Para Guga, um conhecido supersticioso, tudo isso poderá motivá-lo ainda mais na busca do tricampeonato. "Tomara que o Kafelnikov seja meu amuleto mesmo", disse Guga. "Mas, com certeza, não é isso que vai me fazer ganhar os jogos." Já na próxima partida, Guga vai mesmo precisar de muita sorte diante de um dos mais temíveis jogadores em quadras de saibro, como Ferrero. O jogo vai ser só na sexta-feira, o que, segundo o tenista, será bom para ajudá-lo a recuperar-se fisicamente. "A semifinal diante de Ferrero vai ser de muito físico, força e emocional", contou Guga. "Quem estiver mentalmente forte tem melhores chances de vencer e acho que minha experiência em semifinais aqui em Paris poderá ser uma vantagem."

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