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Sob desconfiança, Copa Davis estreia 'Finais' e tenta conquistar o público

Torneio terá fase decisiva disputada apenas em Madri e com 18 seleções divididas em seis grupos

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Adotar uma "cara" nova e mais atraente, mas sem perder a antiga tradição. Este é o objetivo da repaginada Copa Davis a partir desta segunda-feira, quando terá início as Finais da competição, em Madri. Com formato totalmente renovado, a competição de 119 anos de história terá as disputas do seu antigo Grupo Mundial totalmente concentradas na capital espanhola, com 18 equipes em quadra ao longo de sete dias. A meta é tornar a Davis mais próxima de uma Copa do Mundo do tênis.

"Eu quero que todos tenham a melhor semana de suas vidas. Quero que a Copa Davis seja uma festa em torno do tênis, e não apenas tênis", avisa Gerard Piqué, responsável pela grande transformação do torneio centenário de tênis. À frente do grupo de investimentos Kosmos, o zagueiro do Barcelona é o protagonista das mudanças na Davis, em parceria com a Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês). Seu grupo fez parceria com a entidade com a promessa de investir US$ 3 bilhões na competição ao longo de 25 anos.

Troféu da Copa Davis Foto: Divulgação

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A transformação não visa apenas tornar a Davis mais lucrativa. A ideia é reduzir o calendário do Grupo Mundial, considerado a primeira divisão da competição, para atrair os medalhões do esporte. Tenistas como Roger Federer e Rafael Nadal vêm sendo cada vez mais seletivos ao escolher os torneios que disputam. Além disso, pretende tornar os jogos mais atrativos para o público e para a transmissão televisiva, com duração menor.

As mudanças, contudo, enfrentam resistência desde o seu anúncio, no ano passado. A oposição tem o reforço de peso de atletas como o próprio Federer, considerado por muitos o maior tenista de todos os tempos. O suíço fez críticas públicas a Piqué e a ITF precisou entrar em cena para tentar aparar as arestas, sem sucesso. Federer não estará em Madri.

Precisamos convencer pessoas diferentes, que estavam céticas e são contrárias à ideia de mudança de formato da Davis

Piqué, jogador de futebol e organizador do evento

"Precisamos convencer pessoas diferentes, que estavam um pouco céticas e são contrárias à ideia da mudança no formato. Enfrentamos isso desde o início. Acredito que fizemos um trabalho incrível neste aspecto porque as pessoas agora estão mais convencidas (sobre o sucesso das mudanças)", diz Piqué.

A resistência tem ainda o apoio de grande parte dos fãs, ainda desconfiados sobre o novo formato da tradicional Davis. E insatisfeitos por não receber mais em seus países os confrontos. A torcida local, geralmente calorosa, sempre foi uma das marcas históricas da competição, por estimular a rivalidade entre os países. No circuito da ATP, as manifestações do público costumam ser mais contidas.

Além disso, há uma nova concorrência. Neste ano, foi lançada a ATP Cup, competição também entre países, com sua primeira edição no início de janeiro. A posição no calendário é a grande vantagem do torneio organizado pela Associação do Tenistas Profissionais (ATP) porque todos os tenistas estarão descansados, após férias, em busca de prática em quadra para ganhar ritmo, de olho no Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam da temporada.

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Tivemos de lidar com desafios que outras competições não enfrentam, como criar 18 vestiários para os times

Piqué, jogador de futebol e organizador do evento

A Davis, por sua vez, é o último evento do ano, quando boa parte dos tenistas já está de férias. Apesar disso, terá reforços de peso, como Nadal, atual número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic e o britânico Andy Murray, ambos ex-líderes do ranking. Ao mesmo tempo, não terá atletas como o alemão Alexander Zverev, o argentino Juan Martín Del Potro e o croata Marin Cilic, por motivos diversos. O Brasil não competirá porque não se classificou, na fase eliminatória.

As 18 equipes vão se enfrentar na quadra dura e fechada montada na Caja Magica, mesmo local onde é disputado o torneio de nível Masters 1000 sediado na capital espanhola. A concentração de tantos tenistas e equipes no mesmo lugar será um desafio inédito tanto em termos esportivos quanto logísticos. "Houve algumas surpresas na operação do evento. Tivemos que lidar com vários desafios que outras competições não enfrentam, como criar, por exemplo, 18 vestiários para os times", conta Piqué.

NOVOS FORMATOS

Até o ano passado, o Grupo Mundial da Davis era disputado em sistema de mata-mata, ao longo do ano, na casa de um dos times envolvidos em cada confronto. A partir de agora, tudo se concentrará em Madri, com as 18 seleções divididas em seis grupos, de A a F: França, Sérvia e Japão (A); Croácia, Espanha e Rússia (B); Argentina, Alemanha e Chile (C); Bélgica, Austrália e Colômbia (D); GrãBretanha, Casaquistão e Holanda (E); e EUA, Itália e Canadá (F).

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Os vencedores de cada chave mais os dois melhores segundo colocados avançarão às quartas de final, que serão seguidas por semifinais e final. Os quatro semifinalistas deste ano já garantem vaga automática nas Finais de 2020. Os países que ficarem entre o 5º e o 18º lugar terão que disputar a fase classificatória na próxima temporada. E novamente haverá duas nações convidadas – argentinos e britânicos entraram por convite neste ano.

O formato dos jogos também mudou. A série melhor de cinco sets, que ainda é usada nos Grand Slams, será substituída por partidas decididas em melhor de três sets, como já acontecia nos Zonais e na fase classificatória, disputada em fevereiro. E os confrontos serão definidos em melhor de três jogos: duas partidas de simples e uma de duplas. As Finais terão transmissão exclusiva da Dazn.

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