24 de outubro de 2015 | 03h00
E como em fim de semana de GP eu prefiro esperar os dois treinos livres da sexta-feira para escrever a coluna, desta vez não há como prever como será a disputa da pole position marcada para hoje, se ela vier a acontecer. Daquela imagem mostrada ontem, por meio de uma janela, com Bernie Ecclestone conversando com Charlie Whitting e Herbie Blash, funcionários graduados da FIA, mas parceiros de velhos tempos do chefão, a dedução mais lógica é a de que eles não estavam mais preocupados com o dia de ontem, mas com o treino de hoje, bastante ameaçado. Naquele momento eles já sabiam que o treino livre estava fora de cogitação.
Que eu me lembre, por duas vezes o treino oficial acabou sendo adiado do sábado para o domingo. A primeira foi no Japão em 2004, quando uma chuva muito forte e mais a proximidade de um furacão levaram ao cancelamento da classificação de sábado, inclusive com um pedido para que as pessoas não saíssem de suas casas e os pilotos não deixassem os hotéis. Naquele ano as posições de largada foram definidas no domingo de manhã, quatro horas antes da corrida. A outra foi mais recente, 2013 na Austrália, quando o treino oficial chegou a ser iniciado, mas uma chuva repentina só permitiu a realização da primeira das três partes (chamada Q1). A FIA aguardou duas horas e acabou cancelando o restante por absoluta falta de luz, mas as outras duas partes foram disputadas no domingo para definir o grid.
A verdade é que, por razões que só os comandantes da F-1 devem conhecer, não existe no regulamento nada que determine como o grid será formado caso não se dispute um treino oficial. Houve uma vez em que se falou que seria com base na numeração dos carros, o que até faria sentido na época em que essa numeração obedecia a classificação final das equipes no ano anterior. Mas era a classificação das equipes e não dos pilotos. Portanto, acabaria sendo injusta com alguns. Falou-se também em obedecer a colocação atual dos pilotos no campeonato. Mas nada disso é regra e, por sorte, nenhuma delas chegou a ser colocada em prática. Em casos como este a decisão fica a critério da direção de prova e dos comissários esportivos. Daí entende-se que naquela reunião mostrada ontem já se discutia um plano B, porque a previsão para hoje é de chuva forte.
O curioso é isso acontecer justamente nos Estados Unidos, seda da Indy, categoria que nasceu em circuitos ovais, e um simples chuvisco em oval é suficiente para se adiar uma corrida. A esse respeito, tem uma história curiosa da primeira vez que a F-1 correu em Indianápolis (em um circuito misto construído especialmente para isso), e na noite da véspera do primeiro treino choveu. Nosso grupo de jornalistas estava em um restaurante, do qual os donos são fanáticos por automobilismo, mas, como norte-americanos, para eles só existiam Indy e Nascar, ambas em circuitos ovais. E ficaram bastante surpresos quando contamos para eles que haveria o treino de qualquer forma. A pergunta de um deles, assustado, foi: “Mas eles correm na pista molhada?” Foi difícil explicar.
Só que desta vez a chuva exagerou. Com aquela água que caiu ontem, e que é o mesmo volume prometido para hoje, categoria nenhuma pode correr. Vamos ver que plano B é este que foi discutido ontem e torcer para que, pelo menos no domingo, a chuva permita que os carros entrem na pista.
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