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16 milímetros, motivo da guerra dos pneus

Por Agencia Estado
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Quarta-feira estourou uma bomba: a Ferrari acusou a Michelin de estar usando pneus dianteiros irregulares, mais largos. "A vantagem que esses pneus proporcionam é de meio segundo por volta", afirmou Ross Brawn, diretor-técnico da escuderia italiana. Isso explicaria, segundo o engenheiro, o porquê de a Ferrari ter ficado tão para trás de um ano para o outro. Brawn foi além, ao ameaçar protestar até mesmo o resultado de corridas já disputadas. A Michelin, através de seu diretor, Pierre Dupasquier, defendeu-se. "Nossos pneus são regulares. A FIA os aprovou." Domingo, no GP da Itália, a FIA não mais verificará os pneus antes da largada, como vinha fazendo até agora, mas depois da bandeirada. A acusação da Ferrari é que, depois de usados, os pneus Michelin aumentam a área de contato com o solo. O diretor-técnico da Bridgestone, Hiroshi Yasukawa, deu até números. "Eles passam de 270 milímetros, o limite, para 286 milímetros." A maior área de contato com o solo justificaria a maior velocidade nas entradas de curva dos carros da Williams e da McLaren em relação ao da Ferrari. A Michelin já testou nos treinos encerrados sexta-feira, em Monza, novos pneus, que atendam à nova exigência de controle da FIA. O desenho mostra como funcionavam os pneus da marca francesa. A curvatura de suas paredes é mais acentuada que os da Bridgestone. Isso permite que a banda de rodagem se torne mesmo maior depois perder alguns milímetros de borracha. E quanto mais se desgasta, mais larga ela se torna. Várias vezes os pilotos da Michelin preferiram substituir apenas os pneus traseiros nos pit stops. "Conseguimos compreender o que se passava através de fotos entregues à Bridgestone por um fotógrafo japonês no GP da Hungria", disse Brawn. O que fica no ar agora é: a Ferrari voltará a monopolizar a F-1? Provavelmente não. O segredo maior da Michelin não é um segredo: a empresa consegue produzir pneus macios, capazes de oferecer maior aderência, sem se desgastarem tanto quanto os equivalentes realizados pela Bridgestone. Em Monza, Schumacher ficou com o melhor tempo, 1min20s825, enquanto Montoya foi o terceiro mais veloz, 1min21s054, já com os novos pneus Michelin. Mas era apenas um teste. Em resumo: a F-1 deve esperar uma redução na diferença entre os dois pneus, mas menor do que se pode imaginar. Ou a Ferrari acredita.

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