PUBLICIDADE

Publicidade

Alonso na Ferrari. Comédia à italiana

Por Agencia Estado
Atualização:

Tudo começou com o título da reportagem publicada pelo importante jornal catalão ABC, segunda-feira: "Alonso é o melhor piloto e homem de futuro para a Ferrari." Pronto. Confusão armada. Até este domingo à noite ainda, quase uma semana depois, o autor da frase usada como título, Jean Todt, diretor-geral da Ferrari, teve de se explicar. "Não foi isso que ele quis dizer", afirmou Luca Colajanni, assessor de imprensa da Ferrari, aos jornalistas italianos. Afinal, se o vencedor do GP da Malásia, Fernando Alonso, é o melhor piloto, onde fica Michael Schumacher nessa história? Pedro Firmín Flores, jornalista espanhol, percorria a sala de imprensa, neste domingo, com o gravador na mão para quem desejasse ouvir. A frase fora recolhida por ele na entrevista concedida pelo dirigente. Numa típica novela italiana, pediu-se silêncio no ambiente para que o som do pequeno gravador do jornalista espanhol pudesse ser repassado para os gravadores dos italianos. Eles a escutariam, se possível até em slow motion, como disseram alguns. Cada sílaba teria de ser decifrada. Seria mesmo verdade que Todt renunciara a Schumacher, seu eterno protegido? Paolo Bombara, da SportAutoMoto, não tinha dúvida depois de ouvir: "Meu Deus, ele falou mesmo!" Já outros juravam escutar, no inglês com sotaque do francês, a palavra "among", o que significaria que Todt o incluiu entre os melhores e não teria afirmado "o melhor." Seja como for, a importante questão teria de se esclarecida. Uma declaração dessas praticamente garantiria que Alonso, em 2006, seria piloto da Ferrari. Seu contrato com a Renault termina no fim do ano. E do jeito que as coisas vão, líder do campeonato com 16 pontos diante de apenas 2 de Michael Schumacher, é bem possível que Alonso, de 23 anos, leve consigo para a Ferrari o número 1, de campeão do mundo. Na entrevista convocada por Todt para falar do GP da Malásia e mostrar que nem tudo está perdido ainda pela Ferrari, o assunto Alonso parecia até mais importante. Antes do encontro, Pino Alieve, da Gazzetta dello Sport, pertencente ao grupo Fiat, proprietário da Ferrari também, discutia calorosamente com outros jornalistas italianos a polêmica afirmação. "Ele disse que Alonso é o melhor. Vamos questioná-lo." Bombara tinha a gravação consigo. O que estava em xeque não era a vulnerabilidade da Ferrari ao momento excepcional da Renault, que assumira, assim, o seu papel nas últimas temporadas, mas se Todt falou o não se Alonso é o melhor piloto. Não! - Com tato, é verdade, o tema é colocado ao dirigente, que obviamente se preparara para o combate. Pausa para pensar, solicita sem falar Todt. Cresce a expectativa. Ele olha para todos aqueles jornalistas que anseiam pela resposta e afirma, com a tradicional firmeza que o caracteriza: "Não disse. E se vocês me perguntarem se considero Alonso o melhor da nova geração a reposta é não." Em outra oportunidade Todt elegeu Kimi Raikkonen, da McLaren, como futuro piloto da Ferrari, pela "juventude, velocidade, determinação e poucos erros cometidos." Desta vez a frase não gerou dúvidas. A informação foi linear. A conversa da imprensa com Todt pôde então ser direcionada para o que aconteceu na pista nas 56 voltas do GP da Malásia. "Mas que ele falou, falou sustentavam alguns, ainda, depois da entrevista."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.