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Bahrein está pronta para etapa de F-1

O xeque Muhamed Al Khalifa e o governo local gastaram cerca de US$ 250 milhões para aprontar o circuito e até convidou um grande amigo: Paulo Maluf.

Por Agencia Estado
Atualização:

O principal responsável pela construção do impressionante Circuito de Bahrein, o xeque Muhamed Al Khalifa, respirou aliviado, nesta terça-feira, enquanto seus funcionários davam os toques finais na obra. O GP era para ser o último da temporada, em outubro, mas na definição do calendário deste ano a FIA o comunicou que a corrida teria de ser no começo de abril. "Encurtaram em seis meses nosso prazo. Em janeiro, quando vieram vistoriar o autódromo, tenho certeza de que acreditaram que a obra não ficaria pronta. O resultado, no entanto, está aí", afirmou com orgulho. As equipes montavam seus carros, nesta terça-feira, sem nenhuma reclamação. O xeque Muhamed é um dos principais assessores diretos do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa e o acompanha em todos os seus deslocamentos pelo mundo. Doutorado em economia nos Estados Unidos e com mestrado na Inglaterra, o xeque assistiu a cada instante a evolução dos trabalhos. "Assinamos o contrato com Bernie Ecclestone em setembro de 2002, durante o GP de Monza. O grande problema foi que estabelecemos um cronograma que teve de ser acelerado em seis meses." E com um agravante, lembra: "Temos de fazer dar certo já na primeira edição." Um dos convidados do próprio rei é um brasileiro de origem árabe, comenta o xeque: "Paulo Maluf deve desembarcar aqui quinta-feira. Ele gosta de automobilismo também." Os números do investimento não são secretos: "A obra em si consumiu US$ 150 milhões, o governo destinou mais US$ 30 milhões para criar estradas de acesso e melhorar toda a área em volta, além da estrutura do próprio aeroporto, e outros US$ 70 milhões foram para organizar tudo." Ele não está preocupado em que eventualmente algum grupo terrorista coloque tudo isso a perder. "Desde 1999 o Bahrein é um país democrático, o Parlamento foi quase todo renovado em outubro de 2002 e é preciso distinguir entre manifestações contrárias a alguém e atentados terroristas." Suas palavras sugerem que ele espera já, junto da enorme receptividade da idéia de ter a Fórmula 1 no Oriente Médio, que algum grupo protestará contra a presença dos ingleses, por exemplo, a maioria na Fórmula 1, em seu país. No caminho para o circuito é possível ver várias fotos grandes do líder palestino do Hamas, Ahmed Yassin, assassinado por militares israelenses há pouco mais de uma semana. Quanto à ação de grupos de terror o xeque Muhamed se diz tranqüilo. "Eu não posso comentar por orientação da nossa própria polícia, mas poucos têm noção do que realmente estamos fazendo para prevenir um ato desses." A conversa é interrompida com a chegada de um grupo de ingleses. "São os troféus", diz o xeque. Eles receberam o formato do suntuoso edifício construído para ser a sede da administração, com a base em fibra de carbono e a estrutura de metal em titânio, quase uma obra de arte. "A Fórmula 1 precisa que este troféu (o do primeiro colocado) não vá para Michael Schumacher", diz. Deserto - Já no seu BMW top de linha, o xeque percorre as instalações do autódromo. E estaciona ao lado de um belo jardim. Tudo em volta é deserto de areia. "Importamos essa grama da África do Sul. É tão resistente que podemos regá-la até com água do mar." As águas do Golfo Pérsico encontram-se a menos de um quilômetro do circuito. Vale lembrar que o Reino de Bahrein ocupa uma ilha do golfo. "Água aqui é um bem precioso. Nós montamos uma estação de dessalinização da água do mar para irrigar nossas plantações", explica. Ao mostrar os detalhes da belíssima pista de 5.411 metros, o xeque recorda a primeira vez que levou o arquiteto alemão Herman Tilke, quem assina a obra, para escolher entre os locais possíveis para o projeto: "Ele olhou, olhou e nos disse não ter nenhuma dúvida de que este seria perfeito." O autódromo acha-se no município de Sakhir, a cerca de 36 quilômetros ao sul de Manama, a capital do País, que tem pouco menos de 700 mil habitantes, sendo mais da metade de estrangeiros, com sauditas, tailandeses, filipinos, dentre outras nacionalidades, e ocupa uma área de 660 quilômetros quadrados apenas. Sua moeda, o dinar barenita, é forte. São necessários US$ 2,66 para um dinar. "Além da Fórmula 1 deveremos receber também uma etapa do Mundial MotoGP e do Campeonato FIA GT, sem falar que penso ser bem possível os norte-americanos virem competir na excepcional pista de dragster que criamos", conta o xeque Muhamed.

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