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Bahrein: Islâmicos, mas não radicais

Por Agencia Estado
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Amanhã será sábado. Hoje é domingo. Essa é apenas uma das muitas diferenças entre a maior parte do mundo ocidental e o Reino de Bahrein, onde está sendo disputada a primeira corrida de Fórmula 1 no Oriente Médio. Hoje é sexta-feira, o que representa para os islamismo, religião oficial do país, o seu dia de descanso, o domingo para os cristãos, por exemplo. As distinções são tão grandes quanto as surpresas que a ilha de 611 km quadrados do Golfo Pérsico, sob as ordens do rei Hamad bin Isa Al Khalifa, oferece a seus visitantes. Logo no desembarque do aeroporto da capital, Manama, é oferecido aos passageiros com as expressões dos ocidentais uma sacolinha com livretos sobre o Islã. "Islamismo não é terrorismo" é a principal mensagem da publicação, bem cuidada, e que vai até um pouco a fundo na questão. Diz, por exemplo, que Abrãao teve dois filhos, Ismael, de quem decende o povo árabe, e Isaac, os judeus. Mais: "as mulheres têm, sim, vários direitos na sociedade, como gastar seus próprios recursos provenientes do trabalho." A iniciativa já demonstra a postura mais distendida do país com relação a certos dogmas extremos da religião, estigmatizados no mundo todo. O turista ou quem chega visando negócios toma logo contato com liberdades na sociedade barenita não esperadas. No caminho do aeroporto ao hotel é possível observar várias casas de massagem, algumas especializadas na modalidade tailandesa. E suas várias versões. A indumentária mais comum da população é mesmo a árabe, dotada de túnica, a "thoub", o véu, "ghetra" e o cordão que o segura sobre a cabeça, "ogal", como eles pronunciam. Mas chama a atenção o número grande de habitantes do extremo oriente, tailandeses, filipinos, especialmente, além de muitos indianos. Cerca de metade da população de 700 mil indivíduos é de estrangeiros. Muitos dos profissionais da Fórmula 1 se prepararam para uma semana de abstinência alcóolica no Bahrein. Ledo engano. A bebida é oferecida sem restrições e seu consumo, comum, em bares com mesas e cadeiras ao ar livre, já que sempre faz calor intenso. "Vivemos uma democracia", diz o xeque Muhamed Al Khalifa, presidente do Bahrein International Circuit. "O que impõe também algumas responsabilidades a mais", complementa. A criminalidade é baixíssima. Casas de câmbio operam à noite sem segurança e os agentes têm apenas um balcão entre eles e quem deseja converter sua moeda em dinar, a local, bem mais forte que o dólar norte-americano, na proporção US$ 2,66 para 1 dinar. Cena corriqueira: as pessoas saírem da casa de câmbio contando dinheiro. Há várias avenidas largas que ligam o norte da ilha, onde está Manama, com o sudeste, local em que foi construído o imponente autódromo, distante 36 quilômetros do centro. Ao deixar a área urbana, tudo o que se vê até o horizonte são longas extensões de terreno plano, de areia, ou seja deserto. É em meio ao município de Sakhir, representado por um núcleo de casas geminadas, com arquitetura típica, pintadas de amarelo claro, que se encontra o circuito, distante um pouco do núcleo e da bela Universidade de Bahrein, lá instalada, onde também só há edifícios térreos. Não há contrastes de cores. No máximo nuances do amarelo claro, não importando a direção de que se lance o olhar. Dentro do circuito, uma hospitalidade que a Fórmula 1 não esquecerá tão cedo.

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