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Braço de Ferro na F-1 atrasa confirmação da Pirelli como fornecedora de pneus

Medição de forças entre Ecclestone e presidente da FIA é razão da demora para empresa ser oficializada

Por Livio Oricchio
Atualização:

NICE - A Pirelli está confirmada como a fornecedora de pneus da Fórmula 1 em 2014. E não poderia ser diferente. Há um contrato assinado entre a empresa italiana e a FOM, detentora dos direitos comerciais, e também com as 11 equipes da competição. O anúncio só foi feito nesta sexta-feira, pelo Conselho Mundial da FIA, porque o presidente da entidade, Jean Todt, mediu forças com Ecclestone por meses. E o francês conseguiu tudo o que queria. Resultado: assinou o novo Acordo da Concórdia até o fim de 2020, quando provavelmente Ecclestone, de 82 anos, e Todt, 67, não mais vão estar na condução do automobilismo.O comunicado da FIA nesta sexta-feira mostra como é importante para o seu presidente não apenas dispor de uma maior participação no arrecadado pela FOM, 1 bilhão de euros (R$ 3 bilhões) por temporada, como ter poder. Todt exigiu para assinar o chamado Acordo da Concórdia, contrato que estabelece os direitos e as obrigações das três partes envolvidas na Fórmula 1, equipes, FOM e FIA, receber bem mais dinheiro.Mas não ficou só nisso. Exigiu participar mais ativamente das decisões da Fórmula 1. Por exemplo, a entidade lembra no comunicado desta sexta-feira que diante de já existir um contrato entre a Pirelli, a FOM e os times, a FIA irá respeitá-lo. Mas ressalta ser uma prerrogativa da entidade definir o fornecedor de um equipamento para a competição.Foi por esse motivo, a discussão em torno da nova divisão de responsabilidades entre a FIA e FOM, que a Pirelli apenas agora, a dois meses do fim do campeonato e a menos de seis do início do de 2014, quando as regras serão bem distintas, foi oficializada como fornecedora de pneus da Fórmula 1. “Não haveria sentido mudá-la agora que todos aprenderam melhor como lidar com esses pneus de elevado desgaste”, disse ao Estado Helmut Marko, homem-forte da Red Bull, em Monza. Os pneus de rápida degradação são uma exigência de Ecclestone, para tornar as corridas menos previsíveis.O IMPORTANTE É MANDARA FIA agora tem maior poder na definição das mudanças da Fórmula 1. A Comissão de Fórmula 1 está extinta. As alterações no regulamento são estudadas pelos grupos técnico e esportivo de trabalho, depende da natureza da mudança, e até agora eram encaminhadas para a Comissão de Fórmula 1 para, depois de discuti-las, enviar para o Conselho Mundial da FIA homologar.Será criado o Grupo Estratégico de Trabalho para susbtituir a Comissão de Fórmula 1. Nele há representantes dos pilotos, das equipes, da FOM, dos promotores de Gps, patrocinadores, e da FIA. No comunicado desta sexta-feira, o texto diz que todos (na FIA) devem se sentir orgulhosos com os termos do Acordo da Concordia, por garantir maiores recursos financeiros, e mostra também a extensão da função da FIA na competição.Há insatisfação na Fórmula 1 com essa nova postura da FIA, reflexo da personalidade do seu presidente, um homem dos mais capazes mas que não abre mão de mandar. Mandar muito. Ocorre que do outro lado há outro homem que historicamente o que fez na vida foi dar ordens. E não aceitá-las. Bernie Ecclestone. Diante desse choque de egos e interesses surgiu a candidatura do inglês David Ward para concorrer à eleição de dezembro para o importante cargo de presidente da FIA. São quatro anos de mandato. Se vencer, Todt irá para o segundo mandato. A candidatura de Ward foi inspirada por Ecclestone e personagens de peso na Fórmula 1, como Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, contrários aos rumos que a entidade reguladora está tomando. Ecclestone e Montezemolo viram na eleição a chance de fazer a FIA ter apenas as funções de antes, sem interferir em áreas que, segundo eles e muitos profissionais da Fórmula 1, não são de sua responsabilidade.

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