Brasileiros da Fórmula 1 repetem feito de 91

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Por Agencia Estado
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Rubens Barrichello tinha um "problema sério da traseira da Ferrari" e, mesmo assim, obteve o terceiro lugar. Felipe Massa, da Sauber, largou em 16.º e numa pista onde as ultrapassagens envolvem altos riscos, terminou em 5.º. Mais: Cristiano da Matta, da Toyota, era o 15.º no grid. Correu como Massa, com enorme competência, e classificou-se em sexto, mesmo sendo penalizado com uma passagem a mais pelos boxes (drive-through). Desde o GP da Bélgica de 1991, por coincidência o de estréia de Michael Schumacher na Fórmula 1, três pilotos brasileiros não marcavam pontos, juntos, no Mundial. "No dia do meu aniversário tive muita sorte, essa é a verdade", disse Rubinho. "Não sabemos ainda o que é, mas cheguei a avisar os boxes de que iria entrar para verificar o que havia de errado com o carro. A traseira tocava no solo, não conseguia mudá-lo de direção como deveria." Nas duas vezes que o safety car entrou na pista, entre as voltas 3 e 6, e entre as 41 e 48, o piloto da Ferrari contou que passava lento, próximo à mureta da equipe, para os técnicos verem se detectavam algo de errado. "Nem depois da substituição dos pneus, nos dois pit stops, melhorou." O piloto completou, hoje, 32 anos de idade. Em seguida ao fim da prova, confessou: "Não estou nem suado porque não fiz outra coisa senão dirigir lentamente, visando apenas concluir as 78 voltas da corrida." De qualquer forma, mesmo com seu F2004 em ordem, hoje não daria para enfrentar a Renault e a BAR. "Eles estavam mais rápidos que nós." Apesar das características de Mônaco, que favorecem a aproximação de desempenho entre os times, na análise de Rubinho os adversários da Ferrari se aproximaram. "Era já previsto que eles evoluíssem. Num GP em que o que menos faltou foram erros dos pilotos, Felipe Massa deu grande demonstração de estar em franco processo de maturidade. "Logo depois da largada compreendi que esta seria uma corrida que poucos terminariam. A partir daí me limitei a guiar de forma a cumprir meu objetivo", disse Massa. Seu quinto lugar teve uma proeza, possível apenas para poucos pilotos. "Minha terceira série de voltas previa 29 voltas. Mas como o safety car entrou na corrida na 41.ª volta, decidimos aproveitá-lo e antecipei meu segundo pit stop", contou. "Ganhamos um tempo importante, porém me obrigaria permanecer na pista até o fim, na 77.ª volta, o que significaria 37 voltas com o mesmo jogo de pneus." Foi o que ele fez. "Meu ritmo era lento porque os pneus traseiros haviam acabado. Por essa razão o Cristiano da Matta se aproximou tanto." Os dois brasileiros lutaram, no fim, pelo quinto lugar. "Apesar de eu perder performance, sabia que ele não teria como ultrapassar." O mineiro da Toyota saiu quase encostado na traseira da Sauber, na curva Rascasse, penúltima do circuito de 3.340 metros, e colocou de lado na linha de chegada. Os dois cruzaram quase lado a lado. Massa venceu o duelo por 124 milésimos de segundo. O público aplaudiu. "Nós sempre aceitaremos as decisões da FIA, mas julgamos o procedimento dos comissários desportivos hoje injusto", afirmou o principal dirigente da Toyota, Tsutomu Tomita. Ele se referia à punição imposta a Cristiano, por não ter observado a bandeira azul, a fim de facilitar a ultrapassagem de Jenson Button, da BAR. ?O Ralf Schumacher, retardatário, ficou na minha frente as mesmas três voltas que o Button permaneceu atrás de mim. Achamos que a bandeira azul era para ele, não para mim", contou Cristiano. "Assim que vi a azul acionada para mim, na curva seguinte abri o caminho para ele." Não fosse a punição, a Toyota teria obtido um resultado ainda melhor. "Teria sido quarto colocado", declarou Cristiano. De fato o piloto de Minas estava na frente de Montoya, que acabou em quarto. "O nosso novo carro ficará pronto apenas para o GP da Alemanha, dia 25 de julho. Será difícil estreá-lo no GP da Grã-Bretanha, dia 11 de julho." O importante, analisou, é que, com o resultado, a equipe japonesa marcou seus primeiros pontos, 4, no campeonato, já que Olivier Panis, seu outro piloto, terminou em oitavo.

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