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Button realiza sonho de criança em Interlagos

Por ALAN BALDWIN
Atualização:

Jenson Button desafiou seus críticos e realizou um sonho de infância ao se tornar o décimo campeão britânico da Fórmula 1 neste domingo. Desdenhado por alguns como talento supervalorizado com gostos de playboy, o britânico coroou uma temporada extraordinária com um título que figura entre as mais impressionantes reviravoltas da categoria. O piloto de 29 anos da Brawn GP estreou a temporada na Austrália em março com somente uma vitória em 153 corridas, mas com um carro forte que ele viria a descrever como "absurdo" e "animal". Na sequência ele venceu seis das sete primeiras provas e assentou as bases de um campeonato que o elevaria ao mesmo nível de compatriotas famosos como Nigel Mansell e Lewis Hamilton. Largando em 14o no Brasil, com seu colega de equipe e maior rival, o brasileiro Rubens Barrichello, na pole position, a decisão do título parecia prestes a ficar para a última corrida em Abu Dhabi no dia 1o de novembro. Ao invés disso, um pneu furado no carro de Barrichello, Sebastian Vettel fora do pódio e um quinto lugar deram o título a Button. O sonho de infância parecia impossível no final do ano passado, quando a Honda anunciou que estava se retirando da modalidade, fazendo Button e Barrichello se perguntarem se seria o final de suas carreiras. Após sua primeira temporada com a Williams aos 20 anos em 2000, uma estreia que prometia, Button lançou uma autobiografia intitulada "My Life on the Formula One Rollercoaster" (Minha Vida na Montanha-russa da Fórmula 1). Mas ele não poderia imaginar os altos e baixos que o esperavam. Frank Williams chamou Button para sua primeira conversa ligando em seu celular enquanto o jovem piloto estava em um bar com amigos, e teve uma ótima impressão, declarando-se ainda um grande admirador. "Ele é um cavalheiro, um sujeito equilibrado." O piloto mais jovem a marcar um ponto na categoria até a chegada do alemão Vettel em 2007, Button deixou a Williams no final de sua primeira temporada para abrir caminho para o colombiano Juan Pablo Montoya, cuja união com a equipe já havia sido combinada. MUDANÇAS DE EQUIPE Button seguiu para a Benetton, mais tarde Renault, mas teve atritos com o chefe de equipe Flavio Briatore e foi substituído pelo espanhol Fernando Alonso. Mudando-se para a BAR, que depois se tornou Honda e por fim Brawn sob a liderança de Ross Brawn, Button terminou o campeonato de 2004 em terceiro e obteve uma vitória surpreendente na Hungria em 2006. Ao longo do caminho houve disputas contratuais que custaram a ele e à Honda milhões quando ele quis se livrar de suas obrigações com a Williams em 2005 e questionamentos sobre seu estilo de vida. Depois veio a decadência. As Hondas de 2007 e 2008 eram medíocres e Button se viu entre os retardatários. Muitos sentiam que ele desperdiçava seu talento e parecia destinado a ser uma eterna promessa. Mas com um motor Mercedes em um carro no qual a Honda gastou tempo e dinheiro, Button iniciou a temporada com uma dobradinha impressionante em Melbourne, a estreia mais bem-sucedida de uma equipe em 55 anos. Em uma tarde ele marcou mais pontos do que nos dois anos anteriores. "Não preciso cuspir na cara de ninguém pelo que disseram sobre meu no passado", disse ele. "Simplesmente estou feliz de estar aqui, trabalhei muito duro para isso."

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