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Carros de 2017 da F-1 usam conceitos da engenharia de aviões de caça

Modelo tem pneus mais largos e asas agressivas

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Marrudo, sim.Com cara não de poucos amigos, mas de nenhum - e pronto para a briga. O modelo adequado às especificações de 2017 da Fórmula-1, tem pneus mais largos, asas agressivas, é mais encorpado e volta a usar pesadamente conceitos da engenharia de aviões de caça, das tomadas de ar ao nariz esguio. A idéia, segundo a FIA, é fazer a categoria mais veloz e mais competitiva. Não é só isso. A idéia é fazer o carro voar; talvez até os 380 km/hora em Monza. O sul africano Rory Byrne, um notável projetista de monopostos de alto desempenho – 87 vitórias na F-1 com Michael Schumacher na Ferrari, de 1986 a 2006 – disse em 2009, já afastado das pistas, que algumas de suas criações do período haviam sido inspiradas em soluções desenho adotadas nos jatos americanos de combate F-15 Eagle, vistos por ele em um show aéreo na Europa. “Olhem para aquelas tomadas de ar, olhem para aquela fuselagem frontal; pintem de vermelho e pronto: lá está uma Ferrari campeã”, declarou.

Esse ano o paralelo se repete. E, bem, se com o elegante FW-8 a alemã Mercedes aposta na preservação dos fatores que a levaram  a conquistar os três últimos campeonatos, a italiana Ferrari inova pesado: as entradas de ar obliquas tem tripla função, refrigerar a máquina, manter a pressão aerodinâmica e auxiliar a circulação dos fluídos internos. De certa forma, é como acontece durante o voo de um supersônico de ataque. A similaridade vai mais longe. Para o engenheiro aeronáutico americano Tom Jones, que morreu em 2014, “caças e carros velozes precisam nascer bem para serem bons, e quanto mais lisos forem, melhores serão”. Jones acreditava que as aeronaves e os automóveis de alta performance não deveriam ter “uma asa aqui, uma barbatana ali, uma aleta mais adiante – águias e falcões não tem nada disso”. O caça F-5, delgado e liso, projetado por Tom Jones no inicio dos anos 70, utilizado por 16 países, entre os quais o Brasil, segue a tese. Os carros da F-1 terão pneus mais largos e mais aderentes. A velocidade nas curvas será, assim, maior. O arrasto aerodinâmico nas retas determinado pela enorme massa sintética poderia determinar uma redução – claro, apenas se os motores 1.6 turbo, com dois recuperadores de energia, iguais aos do ano passado, não tivessem sido desenvolvidos e se não pudessem continuar a ser aperfeiçoados durante a temporada. Mais pesados, mais largos, levemente semelhantes aos carros dos anos 80, vão exigir pilotagem efetiva. Há duas vertentes de expectativas em relação aos resultados das mudanças. Uma delas prevê certo empobrecimento do espetáculo, muito cuidado, esporádicas disputas e raras ultrapassagens. O outro viés projeta luta intensa, consequência do equilíbrio proporcionado pelo novo pacote tecnológico apoiado por cerca de 30 diferentes processadores digitais embarcados. Tudo muito parecido, de novo, com a aviação de caça. No ar, o confronto direto entre os guerreiros é chamado de ‘dog fight’, a briga de cachorros. Nas pistas, também.

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