PUBLICIDADE

Publicidade

Coletiva da F-1 quase vira pastelão

Por Agencia Estado
Atualização:

Boa parte da imprensa que cobre as provas de Fórmula 1 assistiu hoje a cenas de pastelão, com pitadas de agressividade, entre os dirigentes das quatro principais equipes da competição, Ferrari, Williams, McLaren e Renault. Era para ser uma entrevista coletiva como as tradicionais de sexta-feira à tarde, que pouco acrescentam ao que já se sabe, mas por conta das duras acusações de Ross Brawn, diretor-técnico da Ferrari, aos pneus Michelin, acabou por se transformar num pinga-fogo do engenheiro inglês. "Pare de rir enquanto eu falo" gritou literalmente Brawn a um jornalista, para que se tenha uma idéia da animosidade alcançada no encontro. Brawn sentiu-se sozinho diante de seus três adversários diretos, atingidos frontalmente com o protesto da Ferrari. Não é tudo: a própria postura da imprensa, em geral contrária à iniciativa dos italianos, ajudou a isolar Brawn ainda mais. Patrick Head, diretor-técnico e sócio de Frank Williams, foi objetivo ao referir-se a Brawn, apesar do formato do encontro não prever conversas paralelas entre eles, mas apenas com a mídia. "Nós usamos os pneus da Hungria desde o GP de San Marino de 2001. Por que apenas agora vocês resolveram protestar?" Brawn, furioso, disse que não depende dele, mas a direção da Ferrari pode mesmo requerer a revisão de todos os resultados desde então. Head continuou falando: "O que Max Mosley (presidente da FIA) foi fazer em Maranello (sede da Ferrari) depois da corrida da Hungria?", sugerindo que ele poderia estar por trás na acusação da Ferrari contra a Michelin. "Mosley foi lá antes e para tratar de outros assuntos", respondeu Brawn. Como não estava em evidência, Flavio Briatore, diretor da Renault, precisava manifestar-se. O fez, questionando a FIA também, mas numa combinação de línguas, inglês, italiano e francês, que poucos entendiam, ajudando a compor uma cena que lembrou muito as mesas redondas de futebol na TV brasileira nos domingos à noite. O ocorrido não deixa de refletir com precisão o clima de desconfiança que toma conta da Fórmula 1. De um lado está a Ferrari, que afirma dispor de elementos para provar que os pneus dianteiros da Michelin ganhavam mesmo alguns milímetros a mais de largura, e do outro Williams, McLaren e Renault. As três vêem a FIA como uma ameaça à condição atingida hoje por elas, de adversárias reais da Ferrari. Historicamente a FIA tem a fama de defender mais os interesses da Ferrari. Depois de perder tanto para os italianos, quatro títulos seguidos de construtores e três de pilotos, as três não querem deixar escapar a chance de permancerem lutando pelas vitórias e, no caso de Williams e McLaren, serem campeões.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.