Passado o impacto causado pela decisão tomada pela Cart (Championship Auto Racing Team) na sexta-feira, trocando os motores turbo pelos aspirados na Fórmula Indy a partir de 2003, novos detalhes sobre a mudança começam a aparecer. E eles indicam que o tiro dado pela entidade pode ter saído pela culatra. O apoio unânime à decisão anunciado com estardalhaço pelo presidente Joseph Heitzler está longe de existir. Ao contrário: tem muita gente descontente e a ameaça de a Indy perder fornecedores continua grande. Para começar, dois proprietários de equipes, Morris Nunn e Gerhard Forsythe, foram contra a mudança e deixaram isto claro na reunião em que Heitzler "viu? apoio unânime. Morris tem uma relação bastante fiel com a Honda, uma das maiores críticas da volta dos aspirados. A montadora japonesa, inclusive, ameaça sair da categoria. "Não fomos ouvidos. Aliás, sempre mantivemos uma relação de colaboração e fidelidade com a Cart, mas a recíproca nunca foi verdadeira. É impossível produzir um novo motor neste período (de agora até o início dos treinos visando a temporada de 2003). Sempre fomos ignorados nas discussões e desse jeito, creio que estaremos fora da Indy?, bateu duro o diretor de Desenvolvimento e Performance da Honda, Robert Clarke. A Toyota, que na teoria seria beneficiada com a decisão, pois já havia anunciado que a partir de 2003 só produziria motores aspirados, ameaça deixar a Cart na mão. A fabricante já informou que só ficará na Indy se as especificações do motor a ser utilizado forem as mesmas adotadas pela Indy Racing League (IRL), para onde a Toyota já definiu que irá em 2003. A falta de detalhes sobre o motor aspirado - a Cart promete anunciar as especificações no prazo de 30 a 60 dias - também irritou a Ford. A empresa norte-americana foi mais longe: avisou que a troca dos motores turbo pelos aspirados não altera em nada os estudos que podem levá-la a deixar a Indy ao final da temporada de 2002. Calendário - Outro "abacaxi? do qual a Cart ainda não conseguiu se livrar é o calendário para 2002. "Devemos divulgar antes do GP da Austrália (dia 28 de outubro)?, limita-se a dizer T. E. McHale, diretor de Relações Públicas da entidade. É grande a possibilidade de Las Vegas, que substituirá o GP do Texas, abrir a temporada. O Brasil, segundo McHale, continua sendo incógnita total. Uma das preocupações da categoria é marcar provas em datas e locais que levem bom público aos circuitos. Pelo menos 50 mil pessoas por prova, como aconteceu no dia do GP de Houston, segundo dados divulgados pelos organizadores da etapa.