Publicidade

Crise pode atingir Jordan e Arrows

Até Bernie Ecclestone, o promotor da Fórmula 1, envolveu-se diretamente na luta para reduzir os custos das equipes.

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Se até Bernie Ecclestone, o promotor da Fórmula 1, envolveu-se diretamente na luta para reduzir os custos das equipes, é que, de fato, a coisa é séria. Enquanto Michael Schumacher e Rubens Barrichello, da Ferrari, e, quem sabe, Juan Pablo Montoya e Ralf Schumacher, da Williams, disputam a pole position do GP da Áustria, sexta etapa da temporada, o Departamento Pessoal de equipes como a Jordan, terceira no Mundial de 1999, continua a atender os demitidos há duas semanas. Jordan e Arrows são as mais ameaçadas de imitar a Prost Grand Prix, que faliu. A reunião promovida hoje por Ecclestone com representantes das equipes levou horas. Não havia terminado até o início da noite. Antes, o dirigente havia conversado com o representante da revista italiana Autosprint e criticou alguns donos de escuderias. "Quanto mais dinheiro eles têm, mais encontram em que gastar. Veja, por exemplo, o novo motorhome da McLaren, embora haja quem prefira investir em aviões e iates", disse. "Há gente que não deveria estar aqui. Chegam para ganhar dinheiro e, quando não dá certo, expõem suas limitações." Sobre sua proposta para conter despesas, Ecclestone disse que os testes particulares, atualmente sem restrições, mudarão, apesar de não adiantar o que acontecerá já este ano. E não escondeu o que defenderá no próximo encontro da Comissão de F-1, em Mônaco, no dia 24. "Acho que devemos voltar ao que era, com os construtores podendo vender, ou mesmo ceder o carro inteiro, chassi e motor para outras equipes." O veterano promotor inglês, de 71 anos, acredita que pode convencer a Comissão, formada por ele próprio, Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e 21 representantes de equipes, pilotos, organizadores de GP e patrocinadores a apostar na idéia. "Teríamos dois campeonatos de construtores. Dos que realmente produzem os carros e motores e dos que apenas se utilizam deles, sendo que todo carro de um construtor teria direito a computar os pontos." Seria estabelecido um limite de times para os construtores repassarem seus carros. "Penso que essa norma, mais a imposição do uso de apenas um motor por fim de semana, que entrará em vigor em 2004, se complementam e significarão sensível redução no orçamento das escuderias." O maior problema para captar investimentos na F-1 está nas equipes, que, por conta do fraco desempenho, não conseguem boa exposição na TV. Segundo Ecclestone, sua proposta atenderia a esses interesses. O desempenho desses times cresceria com o uso de conjuntos chassi-motor mais eficientes do que poderiam produzir. Ecclestone reconhece que o caminho para viabilizar seu projeto é longo e difícil. Se a Comissão, em Mônaco, concordar com Ecclestone, a proposta irá para o Technical Working Group, que tentará torná-la viável estabelecendo regras para sua introdução. De qualquer forma, não seria adotada antes de 2004, quando a restrição para os motores passará a valer. O projeto permitiria, por exemplo, que a Arrows competisse com o mesmo conjunto da Renault. Hoje, equivaleria a Heinz-Harald Frentzen e Enrique Bernoldi, a dupla da Arrows, usarem o chassi e o motor que Jenson Button e Jarno Trulli pilotam. Com um orçamento muito menor, a Arrows, que não tem hoje o apoio de uma montadora, disputaria o Mundial de forma mais competitiva, segundo Ecclestone.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.