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Dirigente culpa Cart por crise

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Indy Lights mexeu com os brios dos dirigentes da Cart na semana que passou. Em entrevista ao Milwuakee Journal Sentinel, Roger Bailey, ele mesmo, um funcionário da entidade, culpou-a pela crise que atinge a categoria de acesso à Indy. E disse que ela deve acabar no final do ano - amanhã, será disputado o GP de Milwaukee, quinta etapa da temporada de Fórmula Indy. Tanto a Indy quanto a Indy Lights são organizadas pela Cart (Championship Auto Racing Teams), organização formada pelos donos de equipe e que enfrenta problemas financeiros, entre outros motivos pela falta de interesse que a Indy tem gerado nos Estados Unidos. Tanto que decidiu apostar na Europa, que nessa temporada vai receber duas corridas - Inglaterra e Alemanha. Se nem para a Indy há muito espaço, que dizer da Indy Lights? Embora tenha comprado os direitos da categoria de acesso em 98, por US$ 11 milhões, a Cart não tem dado a devida atenção à categoria em termos promocionais e de marketing. É essa uma das principais acusações de Roger Bailey que, pela força de seus depoimentos, corre o risco de perder o emprego. "Tenho a função de fazer a coisa funcionar, mas não tenho autoridade para isso", diz ele. Desde que foi incorporada pela Cart, a Lights tem visto duas evoluções inversamente proporcionais em seus números: cada vez é necessário mais dinheiro para correr (de US$ 400 mil ao ano, o orçamento subiu para US$ 1 milhão) e, conseqüentemente, menos pilotos têm se interessado (dos 29 que chegaram a formar o grid em 97, para em média 18 no ano passado e 12 na corrida de amanhã, em Milwaukee). O retorno não compensa tanto investimento. A Lights ganhou competitividade nos últimos anos, com a participação de equipes da Indy, como Green, PacWest, Forsythe e Tasman (com a qual Tony Kanaan foi campeão em 97, com o então companheiro Hélio Castro Neves em segundo; como eles, também saíram da Lights para a Indy pilotos como Paul Tracy e Greg Moore). Nível mais alto, mais dinheiro em jogo para vencer. A brincadeira foi ficando cara e hoje a única sobrevivente é a Pac West. Outra razão para a crise é a concorrência da IRL (Indy Racing League), cujo custo é o mesmo, mas o retorno é bem maior, por causa da transmissão em tevê aberta, e das 500 Milhas de Indianapolis - atrativos que levaram para lá, neste ano, os pilotos brasileiros Felipe Giaffone e Airton Daré. De quebra, a IRL deve anunciar em breve a criação da sua categoria de acesso, mais um duro golpe na Indy Lights. Bailey está bem pessimista: "As pessoas estão convictas de que, no final de 2001, a Lights vai acabar." Seu funcionário Adam Saal, diretor de relações-públicas da categoria, diz confiar na palavra de Joe Heitzler, presidente da Cart: "Ele garantiu que a Indy Lights não vai acabar." Mas com realismo: "Acho irreal pensar que teremos a atenção que queremos." A palavra de Saal merece credibilidade porque ele já trabalhou com a Cart para a Indy, em 95 e 96. E sabe que, quando se está na categoria principal, "não dá para pensar em mais nada". Nem pensar, nem investir. Por isso, Saal acha que a solução seria conseguir um patrocinador que bancasse a categoria, como a Toyota faz com a Atlantic. Segundo ele, Heitzler esteve em contato com a montadora japonesa, propondo que ela forneça um motor V8 para a Indy Lights. Mas é melhor a Cart procurar a Honda, a Ford ou qualquer outra fonte de potência e dinheiro. John Procida, relações-públicas da Toyota, garante que não existe a menor possibilidade de assumir outra categoria. Adam Saal afirma que a Cart está tentando salvar a Lights, tanto que contratou duas empresas, Mordhaus e Bain, para fazer um estudo da categoria. Mas tudo pode ser em vão se a IRL confirmar seu novo campeonato: "Não seria bom para ninguém. Esse esporte seria melhor servido por uma única categoria de acesso", diz Saal. No caso, a corda deverá estourar do lado mais fraco.

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