PUBLICIDADE

Dirigentes da F1 trocam acusações

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto não chega o dia 28, data da votação da proposta da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para modificar a Fórmula 1, os dirigentes das equipes e Bernie Ecclestone, promotor do Mundial da categoria, seguem trocando acusações. Nesta quarta-feira, Ron Dennis, sócio e diretor da McLaren, deu seqüência ao discurso de terça-feira do presidente da Ferrari, Luca de Montezemolo: "O que precisa ser alterado na F1 não são as regras, mas a distribuição de dinheiro para as equipes". O alvo era o mesmo de Montezemolo, Bernie Ecclestone, que detém 53% do dinheiro arrecadado com a venda dos direitos de TV, enquanto 47% é dividido entre todos as equipes. "Tem muito dinheiro saindo da F1 e que deveria ficar na categoria. Se as escuderias recebessem mais proporcionalmente, poderiam investir mais no desenvolvimento de seus carros", afirmou Ron Dennis. Ecclestone não hesitou em responder, em especial ao presidente da Ferrari. "Se o dinheiro que a Ferrari dispõe é pouco, deve então gastar menos. Montezemolo poderia, por exemplo, pagar menos para Michael Schumacher, o que aumentaria seu orçamento em US$ 40 milhões por ano", sugeriu ironicamente. O que teria feito Ecclestone e o presidente da FIA, Max Mosley, jogarem fora 53 anos de tradição da F1 para adotar postura tão antagônica a tudo o que orientou essas competições? Mais: eles também afrontaram a Ferrari, escuderia que os dois sempre defenderam e fizeram de tudo para que vencesse o Mundial. Desde a sua criação, em 1950, a direção da F1 nunca se preocupou em demasia com os aspectos esportivos do evento. Sempre foi uma competição que privilegiou a maior capacidade de investimentos e a disputa tecnológica. A competitividade e o espetáculo eram secundários. Agora, Ecclestone e Mosley enviaram um pacote de mudanças às equipes, que será votado pela Comissão de Fórmula 1 no dia 28 e renuncia esses princípios para supervalorizar o show, a concorrência entre os competidores, em detrimento da tecnologia. A razão é simples para essa virada histórica: a audiência do evento na TV européia está caindo a níveis que, proporcionalmente, nunca foram tão baixos. E são esses números que determinam o valor dos direitos comercializados por Ecclestone, que a cada ano arrecada cerca de US$ 700 milhões com a venda deles. Antes, com alguma equipe dominando ou não o campeonato, o interesse ainda mantinha-se elevado, o que não é o caso agora. Mexeram com o bolso de Ecclestone, daí a revolução. Ao propor o lastro nos carros, dentre outras medidas, o dirigente busca aumentar a competitividade da F1, resgatando assim parte da atenção e credibilidade perdidos este ano. Como conseqüência, a retomada dos índices elevados de audiência e, claro, a revalorização dos direitos de TV.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.