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Dono da Minardi desafia Ron Dennis

Por Agencia Estado
Atualização:

Irritado com as humilhações freqüentes promovidas por Ron Dennis, sócio da McLaren, o australiano Paul Stoddart, proprietário da equipe Minardi, resolveu desabafar e confirmou nesta quinta-feira, no circuito Albert Park, as dificuldades financeiras do time e diz que só não termina a temporada se Ron Dennis não assinar o documento que permitirá à Formula One Management (FOM) lhe repassar parte do dinheiro que seria da extinta Arrows. O clima não é mais de animosidade entre Stoddart e Dennis, mas já de guerra deflagrada. E é simples compreender o que está por trás de tudo: a própria sobrevivência da Minardi. A Arrows teria para receber de direitos, pela temporada do ano passado, cerca de US$ 16 milhões. Como não existe mais, afundada em dívidas, a equipe seguinte na classificação do último Mundial foi a Minardi, a quem caberia o dinheiro. Ocorre que para Stoddart ficar com o que seria da Arrows é necessário que os nove outros representantes das escuderias e ainda Bernie Ecclestone, como promotor do campeonato, e Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), concordem com a idéia. "Todos já oficializaram que assinam a liberação, menos Ron Dennis", disse Stoddart. O Acordo da Concórdia exige a aprovação dos 12. Dennis explica o porquê não concorda com o repasse para a Minardi: "O que esse time já fez pela Fórmula 1?", questiona, de nariz empinado como sempre. Stoddart lhe responde: "A Minardi é hoje o quarto time mais antigo da Fórmula 1, portanto esse dinheiro é seu de direito." Depois completa: "Se eu tivesse o orçamento de Ron Dennis, não lutaria pelo terceiro lugar no campeonato, como ele fez ano passado, mas pelo título." Por ordem cronológica de presença na competição estão Ferrari, desde 1950, McLaren, 1966, Williams, 1973. A Minardi vem a seguir, criada em 1985 pelo italiano Giancarlo Minardi. "Ron Dennis tem nos ridicularizado regularmente. Quando nos encontrarmos na entrevista coletiva da FIA, quero ao seu lado, diante de vocês, jornalistas, dizer-lhes na cara umas verdades", disse nesta quinta-feira o australiano que é milionário. É dele uma das maiores empresas de fretamento aéreo, a European, com sede na Inglaterra, dona de vários aviões Jumbo. Mas avisou: "Devo vender a divisão de fretamentos e ficar só com as outras duas divisões, voltadas para o comércio de peças de reposição de aeronaves." Ganhar dinheiro com a Fórmula 1? "Até agora só coloquei do meu bolso e sei que não volta mais." Stoddart comenta a dificuldade que está enfrentando com o novo regulamento da categoria. "Com o atual formato da competição, não dá para convencer um patrocinador a investir no seu time. Eles sabem que as equipes das montadoras colocam no negócio US$ 400 milhões por ano e não há como uma organização como a nossa, com menos de 10% disso, pensar em obter resultados." O contrato de Ecclestone com os promotores das etapas do Mundial prevê a presença de 20 carros na pista. No caso de a Minardi não seguir no campeonato, por falta de dinheiro, equipes como McLaren, Williams e Ferrari teriam de correr com três carros em vez de dois. Mas Stoddart adverte: "O terceiro piloto e a equipe não contariam pontos na classificação. Quer dizer, as pessoas assistiriam algo que, na realidade, não vale nada. Seria o máximo da falta de credibilidade para a Fórmula 1."

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