Em despedida da Fórmula 1, Alonso diz que carreira foi 'muito além dos sonhos'

Dono de dois mundiais e apontado como um dos melhores de sua geração, espanhol admite que poderia ter ganho 'mais três ou quatro títulos'

PUBLICIDADE

Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

Fernando Alonso

vai se despedir, neste domingo, do circuito de Interlagos, onde sagrou-se campeão mundial de

Fórmula 1

em 2005 e 2006. Para muitos críticos da principal modalidade do automobilismo mundial, o espanhol poderia ter somado a sua coleção muito mais títulos, caso tivesse feito melhores escolhas ou tivesse um temperamento mais fácil. Mas o piloto não pensa desta forma.

Alonso comemora título de 2005, ao fim do GP do Brasil de Fórmula 1 Foto: Nilton Fukuda/Estadão - 25/9/2005

"Quando era garoto, jamais pensei em dirigir um carro de F-1 ou ganhar uma corrida. Por isso, ser bicampeão mundial vai muito além dos meus sonhos", disse Alonso, em entrevista nesta quarta-feira no autódromo de Interlagos. "Poderia ter ganho mais três ou quatro títulos, mas acredito que o mais importante é ter ganho o respeito das pessoas que estão na Fórmula 1."

PUBLICIDADE

Aos 37 anos, Alonso não quis revelar os seus planos para 2019, mas, com certeza, vai cumpri-los de um cockpit de um carro de corrida. "Ainda não sei o que vou fazer", disse, sem muita convicção. "Lógico que poder disputar provas lendárias como (as 500 Milhas de) Indianápolis e (as 24 Horas de) Le Mans é algo que seduz, mas é preciso analisar direito para se saber qual o caminho correto a seguir", despistou.

O atual piloto da McLaren não se vê fazendo no futuro algo que não seja ligado ao automobilismo. Perguntado pela reportagem do

Publicidade

Estado

se gostaria de ter a sua própria equipe, o espanhol demonstrou bom humor: "Desde que eu tenha um bom patrocinador....". Segundo Alonso, na Fórmula 1 atual é muito difícil que equipes privadas consigam sucesso diante das grandes marcas.

Durante a entrevista, apesar de simpático, Alonso relaxou mais e os olhos ficaram vidrados ao falar de sua escola de kart na Espanha. "São garotos de 8 a 12 anos. Ainda não podemos dizer quem tem talento, pois são muito jovens, mas é algo que pretendo desenvolver no futuro e talvez ter uma equipe para a disputa de campeonatos e formação de pilotos". Segundo Alonso, a maioria dos jovens são estrangeiros.

Sobre a segurança, em Interlagos, que registrou alguns casos de violência nas imediações do autódromo paulistano no ano passado, Alonso falou que nunca teve problemas em São Paulo. "Mas nunca vi também ter casos semelhantes em outras partes do mundo, onde a Fórmula 1 tem suas corridas", admitiu.

Sobre disputar seu último GP em São Paulo, Alonso demonstrou satisfação. "É sempre muito bom correr em Interlagos. A pista é interessante. Sempre temos provas disputadas e eu guardo na lembrança grandes momentos de minha carreira aqui. Fui campeão em 2005, 2006 e fiquei perto em 2007 e 2012. Maravilhoso."

Fernando Alonso participa dos primeiros treinos livres do GP do Brasil nesta sexta-feira, quando serão realizadas sessões de pista às 11 horas e depois às 15h. Vai tentar no sábado um lugar de honra no grid para a largada do domingo. Antes, ele será homenageado. Mas, independentemente do que conseguir fazer, seu nome já está reservado na história de Interlagos e no coração dos fãs da Fórmula 1.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.