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Equipes buscam brechas no regulamento

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Por Agencia Estado
Atualização:

Passado o impacto inicial causado pelo novo regulamento, técnicos das dez equipes que começam a disputar o Mundial quebram a cabeça para encontrar formas de melhor aproveitar-se de brechas nas novas regras do jogo. Nesta quarta-feira no circuito Albert Park a movimentação nesse sentido era tão grande que obrigou o diretor de prova e responsável técnico da FIA, Charlie Whiting, a procurar mudar um importante tópico relativo ao reabastecimento dos carros à última hora. Pelo texto da FIA, cada piloto deve ter seu carro alinhado na saída de box para entrar na pista, antes da classificação, sábado, cinco minutos antes do seu horário. Agora eles registram seu tempo um a um no circuito. Ocorre que pode ser grande a vantagem de um piloto que deixa para definir o volume de gasolina apenas instantes antes de sair dos boxes. Por exemplo: se Juan Pablo Montoya, da Williams, faz na sexta-feira o tempo de 1min24s500 e no sábado, sob condições de tempo semelhantes às do dia anterior, obtém 1min26s500, ou seja foi dois segundos mais lento, a margem de aproximação do volume de gasolina com que irá largar é razoavelmente grande. Como na pista australiana cada 30 quilos a mais de combustível correspondem, em média, a 1 segundo a mais no tempo de volta, Montoya teria estabelecido a massa de 60 quilos de gasolina, aproximadamente, para largar. Ele não foi, sábado, dois segundos mais lento que na sexta-feira? Esse dado permite até se estabelecer qual será sua estratégia de corrida: dois pit stops. Não é tudo: Montoya teria autonomia para a primeira parada até a volta de número 22. Como 60 quilos de combustível correspondem a algo como 75 litros e o consumo médio nesse traçado é de 3,3 litros por volta, logo Montoya poderia extender sua permanência na prova, sem reabastecer, por 22 voltas. Sabendo disso a Ferrari pode tirar proveito. Como nessa hipótese Michael Schumacher irá entrar na pista para a tomada de tempo depois de Montoya, algo até provável na prática, poderia haver tempo para a Ferrari definir sua estratégia em cima do que fez a Willliams com seu piloto. Nesta quarta, Whiting procurava a assinatura de todos os chefes de equipes para obrigar que os mecânicos reabasteçam o carro até antes do sinal verde que identifica o início da sessão de classificação, sábado, a fim de evitar que alguns times possam tirar proveito da situação. Até o começo da noite o impasse não havia sido resolvido, mas a tendência é que já para a primeira classificação do ano as equipes tenham de reabastecer seus carros antes do treino de definição do grid começar. Essa é apenas uma das várias possibilidades de se conseguir maior sucesso jogando com o novo regulamento. Outro recurso, igualmente legal, é quando o piloto comete um erro na volta lançada e perde muito tempo. O texto da FIA estabelece que o piloto irá largar em último no grid e, pior, seu carro irá para o parque fechado. Quase nada nele poderá ser feito quanto a ajustes para a prova, em especial modificar o volume de gasolina no tanque. Nesse caso seria muito mais negócio não completar a volta lançada para caracterizar um problema qualquer, a fim de largar em último do mesmo jeito, mas sem que o carro vá para o parque fechado. No exemplo, o carro poderia retornar para os boxes e os mecânicos trabalharem o que desejar, até alterar o volume de combustível, o que é bastante interessante. Não há dúvida de que em situações como essa o piloto deixará o carro lá mesmo, na pista. O fim de semana revelará muitas dessas "sacadas" por parte dos estrategistas das equipes. Será mais uma atração da Fórmula 1, ainda que pouco esportiva.

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