F-1: duelo como há muito não se via

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Por Agencia Estado
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A Fórmula 1 precisava de uma corrida assim: conhecer o vencedor, entre dois pilotos que digladiavam, apenas na bandeirada. Fernando Alonso, o excepcional espanhol da Renault de apenas 23 anos, controlou com enorme competência o ataque de Michael Schumacher, da Ferrari, nas 12 voltas finais do GP de San Marino e ganhou pela terceira vez seguida na temporada, por 215 milésimos de segundo. Para a imprensa espanhola, Alonso resgatou o que havia mais ou menos dito sexta-feira: "Hoje me senti como um jogador do Real Madrid que vence o Barcelona no Nou Camp", referindo-se a bater a Ferrari em sua casa, na Itália. Os fãs da Fórmula 1 já haviam assistido a corridas semelhantes, com o sensacional Michael Schumacher. Por exemplo: GP da Bélgica de 1995. O alemão, então na Benetton, largou em 16º e venceu. Mas já na metade da prova Schumacher a liderava e não teve maior resistência para ser primeiro até o fim. A graça da corrida deste domingo no circuito Enzo e Dino Ferrari foi que Schumacher não ganhou. Fez de tudo para conquistar a primeira vitória dele e da Ferrari no campeonato, diante da sua torcida. E não conseguiu, apesar de todos os esforços. Quem não o conhecesse imaginaria tratar-se de um grande talento recém-chegado à Fórmula 1, carregado do desejo de vitória. Na realidade, era o piloto mais experiente em atividade e o que mais venceu na história de 55 anos do Mundial. Alonso queria de todas as formas ver Schumacher atrás de si em Ímola. No fundo, o asturiano não engole bem o alemão. "Das três vitórias que obtive este ano esta foi a melhor, a mais difícil. Apenas hoje, dia da corrida, dei três voltas seguidas na pista", explicou. "Sexta-feira detectamos um problema com o motor e tive de poupá-lo o tempo todo, andando pouco e usando menos giros do permitido." Esses problemas associados ao fato de não ter acertado o carro à pista de Ímola como poderia, em razão de treinar pouco, tornaram a conquista especial. "Não imaginei que venceria aqui. Mas quando percebi a chance, dei tudo o que era possível para Schumacher não me ultrapassar." E não faltaram tentativas do alemão da renovada Ferrari, agora equipada com pneus Bridgestone que suportam, com folgas, a corrida inteira. "Schumacher era cerca de 1,5 segundo mais rápido que eu. Minha chance estava condicionada a eu não me aproximar dos dois retardatários à minha frente (Mark Webber, da Williams, e Vitantonio Liuzzi, da Red Bull)", contou o piloto da Renault. "Se eu tentasse ultrapassá-los, Schumacher poderia me passar também." A estratégia deu certo. "Agora vamos para a Espanha. Será uma loucura. Temos possibilidade, novamente, de chegar ao pódio", afirmou Alonso. A palavra pódio em vez de vitória pode ser sintomática. O ritmo de Schumacher neste domingo lembrou o da Ferrari nos seus melhores dias, se não até mais. Nunca é demais recordar que o alemão largou em 13.º e já na 25.ª volta era o terceiro. Tudo em oposição ao que se via este ano. "Obrigado a cada funcionário da Ferrari, da Bridgestone, por esse resultado", disse Schumacher. "Estamos aqui, vivos, acho que isso é o que se pode concluir depois do que vimos hoje. Se não tivesse errado na classificação, teria sido outro dia ideal para nós." Alonso lidera a classificação com 36 pontos, dos 40 possíveis, e Schumacher tem 10. "Restam ainda 15 etapas para o fim da temporada", lembrou Schumacher. Pena que pouca gente acompanhou o GP de San Marino no autódromo mais capenga dentre todos do Mundial. Oficialmente foram 65 mil espectadores. Mas pelo visto deviam estar bem escondidos. O mais provável que é não havia nem a metade nas arquibancadas. A própria tradicional festa na pista, sob o pódio, depois do fim da prova não teve nem de longe o número de tifosi costumeiro e muito menos sua euforia. Jenson Button, da BAR, na estréia de Gil de Ferran como diretor-esportivo da BAR, retornou ao pódio, em terceiro. A quinta colocação do outro piloto da BAR, Takuma Sato, atesta a volta da equipe às primeiras colocações. Rubens Barrichello abandonou mais uma vez, ainda na 18.ª volta de um total de 62. Agora foi o alternador que deixou de funcionar, segundo explicou. Felipe Massa, da Sauber, ficou em 12.º. A próxima etapa do campeonato será no Circuito da Catalunha, em Barcelona, dia 8. "Soube que os ingressos se esgotaram para os três dias de competição. Vamos fazer uma festa também", falou, neste domingo, Alonso.

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