F-1: eleição pode reduzir público na Malásia

Os malaios terão de organizar bem a sua agenda no domingo: votar às 8 horas e, às 15h locais, dirigir-se a Sepang, onde será disputada a segunda etapa do Mundial.

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Por Agencia Estado
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Toda vez que o prefeito da capital malaia, Mohmad Shaid Taufek, veio a público nos últimos dias, aproveitou para dizer: "Para votar, não é preciso perder a corrida. O pleito começará às 8 horas e a largada será apenas às 15 horas." Os malaios terão de organizar bem a sua agenda no domingo: escolher seus representantes no parlamento e, mais tarde, dirigir-se a Sepang, distante 60 quilômetros de Kuala Lumpur, onde será disputada a segunda etapa do Mundial. Nesta quinta-feira à meia noite, horário de Brasília, 11 horas local, os carros já vão à pista para o primeiro treino livre. É evidente na Malásia a preocupação das autoridades com o risco de as arquibancadas do moderno, funcional e elegante autódromo de Sepang receberem público fraco. Os dois partidos do país, Barisan Nasional, do primeiro ministro Abdullah Haji Ahmad Badani, e o Party Islam Se-Malaysia, lutam pelas 219 cadeiras no parlamento e outras 587 das 14 assembléias legislativas dos 14 estados da nação. E além da obrigação cívica do voto, apesar de na Malásia ele ser facultativo, há ainda a questão esportiva. Os entusiastas por Fórmula 1 podem ter em mente a impressionante vantagem imposta pela Ferrari a seus adversários na Austrália, achar que a corrida já tem vencedor, e optar por assistir depois ao videotape, já que a competição, justamente para atrair mais torcedores, não é transmitida ao vivo para o país. Acompanhar os treinos livres de sexta-feira poderia ser, nesse sentido, ainda menos interessante. O calor de 37 graus desta quarta-feira deve-se repetir por todo o fim de semana, caso não chova. E a necessidade de preservar o motor para a classificação, sábado, e as 56 voltas da corrida, domingo, levará com toda certeza todas as equipes a manterem seus pilotos parados nos boxes a maior parte do tempo, como já ocorreu na abertura do Mundial e não estava tão quente. "Temos de ser realistas, só os terceiros pilotos poderão treinar à vontade aqui", disse nesta quarta-feira Denis Chevrier, chefe dos engenheiros de motor da Renault. O alemão Mario Theissen, diretor da BMW, confirmou a previsão: "Esta será a primeira etapa disputada sob calor intenso e não há saída, os motores terão de ser mesmo preservados." Um passeio pelos boxes do circuito revela a enorme preocupação dos projetistas com o desafio de competir na Malásia com um único motor para todo o fim de semana. Os carros, sem exceção, estão com o sistema de refrigeração revisto. Os artifícios para reduzir os riscos de quebras levaram os técnicos a desenhar complexos e estranhos radiadores de água e óleo, maiores em dimensões, mas ao mesmo tempo curvos, a fim de evitar de as laterais que os abrigam serem grandes em demasia, o que comprometeria a eficiência aerodinâmica do carro. Rubens Barrichello acompanhou, nesta quarta, a montagem da sua Ferrari F2004. O piloto que diz estar mais motivado que nunca para ser campeão do mundo, percorreu o traçado de 5.543 metros sob calor arrasador. "Será primeira vez, nos últimos dois anos, que usaremos o modelo novo da temporada nesta prova. Acho que podemos surpreender mais uma vez os que vêm dizendo que a Ferrari aqui na Malásia não será tão forte." Rubinho comentou sentir o fato de ter disputado o GP da Austrália, três dias mais tarde já estar treinando em Valência e quarta-feira regressar para a "outra parte do mundo." Ele disse: "São muitas horas de vôo e a enorme diferença de fuso horário acaba por te atingir. Quanto ao calor, diria que só me ajuda, sinto-me até melhor nessas condições." O Falcon de Michael Schumacher, jato executivo de longo alcance, já se encontrava nesta quarta no KLIA, Kuala Lumpur International Airport. Através da sua assessora, Sabine Kehn, comentou não estar iludido com o resultado de Melbourne. "Acho que depois deste fim de semana teremos uma idéia mais precisa do que cada equipe pode fazer no campeonato."

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